Depois de puxar conversa com a nossa mesa, um adepto (torcedor) do Benfica pede ao garçom a edição de segunda-feira do jornal Diário de Notícias e larga a falar sobre a situação econômica da Europa: “A Europa vai levar uns vinte anos para sair da crise. A nossa sorte é que guerra religiosa ainda não chegou a Portugal, pois são poucos os islâmicos a gostar de bacalhau. Em compensação, para nossa desventura ainda são muitos os adeptos (torcedores) do Porto”.  

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Foi uma semana fria e carrancuda em Lisboa, sob todos os aspectos. Como se não bastasse a derrota nos pênaltis para os ingleses e o tricampeonato do Futebol Clube do Porto, o Benfica ainda teve que engolir o golaço do ex-paranista Kelvin aos 47 minutos do segundo.

Kelvin tornou-se o herói improvável dos “tripeiros”, como são chamados os torcedores do Porto. Mesmo com três com gols decisivos para título e muito talento, para a crônica esportiva o curitibano Kelvin Mateus de Oliveiraaindatem muito o que provar. Com 19 anos, ainda não sabem se joga melhor no primeiro ou no segundo tempo, ou qual é de fato a sua posição ideal. Ao analisar sua atuação ao fim do campeonato, o Diário de Notícias conclui que a promessa do Paraná “está ainda em fase de formação e a margem de progressão pode ser grande se ele quiser. Mas em dois anos em Portugal parece ter as mesmas qualidades e defeitos que tinha quando chegou – não depurou o seu jogo, não evoluiu verdadeiramente. Problema dos treinadores – pergunta o jornal –, já que treinou e jogou também, muitas vezes, pela equipa B? Ou problema próprio? Ou tudo junto?”.

Depois de folhear rapidamente as dez páginas dedicadas às comemorações dos adeptos do azul e branco, o “encarnado” (torcedor do Benfica) da mesa ao lado devolve o jornal ao garçom e nos pergunta:

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– Quando voltam ao Brasil?

– Em meados de junho.

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– Será que vocês poderiam nos fazer o imenso favor de levar o Kelvin de volta para Curitiba?