Junto e misturado

Chamados pra trocar ideias sobre o coração verde de Curitiba, é hoje no meio do dia o primeiro encontro entre os representantes da Prefeitura (IPPUC, Secretaria de Meio Ambiente e Fundação Cultural), a Comissão de Urbanismo da Câmara de Vereadores e representantes do grupo que iniciou, pela internet, a mobilização para revitalizar e ocupar o Passeio Público.

Atendendo o convite do vereador Hélio Wirbiski, o ator, autor e diretor Enéas Lour, o premiado iluminador teatral Beto Bruel e este escrivão deixarão registradas em ata todas as ideias propostas, para fazer do parque mais antigo da cidade, inaugurado em 1886, um ponto de encontro para todas as classes sociais, acima de qualquer suspeita, onde todos se sintam confortáveis.

O Passeio Público não requer apenas um banho de loja, como está sendo feito quase que inutilmente nas ruas Riachuelo e São Francisco: com todo mundo junto e misturado, o que se pretende é mais do que apenas revitalizar. É ocupar hoje para não entregar amanhã. Conforme já declarou Enéas Lour, não se trata de um movimento para ressuscitar o saudoso João de Pasquale com sua receita do bolinho de arroz: “Não estamos chamando o espírito do Emiliano Perneta para andar de pedalinho. Estamos falando com pessoas vivas”. Como dizia o escritor Manoel Carlos Karam numa de suas peças de teatro: “Não temos saudades do passado. Temos, isto sim, saudades do futuro”.  

Na reunião de hoje, gostaríamos que fossem esclarecidas algumas dúvidas: afinal, quais são os planos para o futuro? Os animais remanescentesserão removidos do Passeio Público para o Jardim Zoológico? Assim como na Pedreira Paulo Leminski, a vizinhança do Passeio é contra o pandeiro, a flauta e o cavaquinho? Se é proibido entrar no parque com bicicletas, patinetes, skates, patins etc., por que só a Polícia Militar (que ocupa um vergonhoso pardieiro de madeira) tem o privilégio de estacionar carros particulares?  E aquele chafariz horroroso, antes um palco para apresentações de música e teatro, vai continuar como um foco da dengue?  

Doado pela aristocracia, o Passeio Público é um privilégio para todas as classes sociais. E assim deve continuar. O que é preciso para restaurar aqueles 69.285 metros quadrados no coração da cidade?