Conforme foi dito dias atrás, Jaime Lerner é o paranaense que mais tem rodado o mundo nestes últimos anos. Com uma maleta de mão (e ele mesmo lava suas cuecas no banheiro do hotel), por conta de seu prestígio internacional o arquiteto tem passado em revista os melhores restaurantes do planeta Mesa e, agora coberto de razão, pode afirmar de boca cheia (não sem uma certa ironia) que os preços dos restaurantes em Nova York são iguais aos de São Paulo e os dos bistrôs de Paris se igualam aos de Curitiba.

continua após a publicidade

Preços iguais ou maiores, porque segundo uma pesquisa da consultoria Mercer que analisou o custo de vida em 214 municípios do mundo, o Brasil tem duas cidades entre as 12 mais caras do planeta: São Paulo e Rio de Janeiro. E, por tabela, tem restaurante em Curitiba cobrando mais caro por um “filé au poivre” do que o Le Procope, por exemplo, o mais antigo de Paris.

Para provar que Jaime Lermer tem razão, eis a lista dos 12 lugares mais caros do mundo: 1- Luanda / Angola; 2- Tokyo; 3- N´Djamena / Chade; 4- Moscou; 5- Genebra; 6- Osaka; 7- Zurique; 8- Singapura; 9- Hong Kong; 10- São Paulo; 11- Nagoya; 12- Rio de Janeiro.       

Pelo levantamento, realizado no ano passado, podemos constatar que o Brasil tornou-se de fato uma potência mundial, com direito a uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU. São Paulo avançou 11 posições desde 2010 e o Rio de Janeiro, em meio a explosões de bueiros e greves dos bombeiros, avançou 17 posições no ranking das cidades mais caras do mundo para se viver.   

continua após a publicidade

O mais interessante é que, apesar de São Paulo e Rio de Janeiro aparecerem na frente de cidades ícones como Londres, Paris e Nova York, paulistas e cariocas ganham pelos menos quatro vezes menos do que os americanos, cinco vezes menos do que os ingleses e sete vezes menos do que os franceses.  

Em Paris, o salário mínimo, em média, é de 12,5 dólares (8,86 euros) por hora de trabalho, número que cai para 9,54 (5,93 libras) em Londres e 7,25 em Nova York. Já no Rio de Janeiro e São Paulo, o salário dos trabalhadores é, em média, 1,73 dólares (2,72 reais) a hora.

continua após a publicidade

Em Paris (que ocupa o 27° lugar no ranking das mais caras), cinquenta euros é, em média, o que nos custa um almoço para dois em um bistrô com preços médios, com a cozinha bem acima da média. Como se lê na “formule” do cardápio: “Entrée, plat, dessert: 25 euros”. Traduzindo: entrada, prato e sobremesa, com 150 reais comemos muito melhor, com custo benefício mais em conta, do que em muitos restaurantes do circuito chique de São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba.

Jaime Lerner tem razão: Paris é uma festa muito mais barata.