Pelo visto e, principalmente, pelo ainda não visto, o Ministério dos Transportes não foi feito para abrir e asfaltar estradas. Com o Dnit, a quadrilha rodoviária federal é especializada nas vias de regras da corrupção, nas vias de fatos da política e na via crucis dos brasileiros.

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A distância da Terra a Vênus, o planeta mais próximo, é de 41 milhões de quilômetros. Parece muito, mas comparando esse número com os números do Ministério dos Transportes, uma viagem interplanetária é logo ali. Basta trocar a palavra quilômetro pela palavra dólar, para comprovarmos que para o Dnit uma viagem à Lua é fichinha. Um passeio, segundo os intergalácticos da base governista.

Assim sendo, pela contabilidade do Dnit, a distância entre a Terra e Vênus é de apenas 41 milhões de dólares. Uma mixaria. E a distância entre a Terra e Plutão, o planeta mais distante, seria a bagatela de 4 bilhões e 190 milhões de dólares. E quem pensar que 4 bilhões de dólares é uma distância astronômica, não entende nada de orçamentos federais. Muitos menos dos aditivos de contrato, onde o céu é o limite.

Dizem que o Trem-Bala pode custar R$ 50 bilhões, R$ 55 bilhões ou R$ 60 bilhões. Ninguém sabe direito. Só o que se sabe é que, se substituirmos reais por quilômetros, a joia da coroa do PAC, inicialmente projetada para ligar São Paulo ao Rio de Janeiro, pode levar Dilma Rousseff ao fim do mundo. Nem a Nasa imagina chegar tão cedo a mais de 60 bilhões de quilômetros da Terra.

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Para termos uma ideia dos números do Dnit, a galáxia mais próxima da Terra é Andrômeda, que está a 2 milhões de anos-luz de distância. Uma merreca, considerando-se o intergaláctico orçamento do PAC.

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 Além da imaginação é o tempo previsto para a duplicação dos 30 quilômetros restantes da BR-116, entre Curitiba e São Paulo, no trecho da Serra do Cafezal. No parecer de quem conhece os corredores do Ministério dos Transportes, só mesmo um milagre para a obra terminar. Enquanto isso, ao Dnit resta rezar:

“Senhor, fazei-me instrumento de sua atenção, e assim onde tiver gorjeta, que eu leve um milhão; onde houver acerto, que vença o meu preço; onde houver mutreta, que eu receba a mala preta; onde houver ócio, que eu feche o negócio; onde houver propina, que não fique na esquina; onde houver esquema, que eu entre logo em cena; onde houver jabá, que eu possa me arrumar; onde houver prazo, que eu receba à vista. Ó Mestre… Fazei com que eu continue honrando a confiança pra que me deem cheque em branco, e que eu fique sempre querido pra não ser inquirido, pois é dando que se recebe, e é só recebendo que se vota e é só com grana que a gente derrota”.