Nos final do século passado, enquanto os rapazes perdiam tempo amando os Beatles e os Rolling Stones, o guru indiano Ravi Shankar tratava de fazer o seu pé de meia com os ídolos do rock and roll. O guia espiritual de George Harrison ficou tão rico que agora, como o oitavo líder indiano mais importante, é um dos gurus que movimentam uma indústria milionária na Índia.

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Líderes espirituais não são novidade na Índia, onde eles já são quase tão numerosos quanto as vacas sagradas. A novidade é que eles montaram uma indústria de crenças e fé pessoal, avaliada em milhões de dólares, que não para de crescer. São inúmeros os produtos derivados do guruato, como CDs de música e vídeos, cosméticos, incensos, sedas, turismo e canais de TV, até portais espirituais que permitem aos fiéis um contato maior com seu deus pela internet.

Só para se ter uma ideia do tamanho da coisa, a sede do império de Ravi Shankar ocupa uma área impressionante de mais de 40 hectares. A fome espiritual é tanta que no local tem até uma grande cozinha para alimentar o estômago de cinco mil devotos por dia. Quem circula pelo complexo de Ravi Shankar fica impressionado com a variedade de produtos à venda, como protetores solares, shampoos e remédios.

Em Curitiba, não é de hoje que o guruato chama atenção. São tantos os gurus na ativa que se eles tivessem uma fração do tino comercial do Ravi Shankar, o Paraná estaria arrecadando fortunas em impostos com a indústria do guruato.

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Os historiadores afirmam que o primeiro guru profissional do Paraná foi o Aníbal Curi. Se não foi o primeiro, foi o mais importante. Depois dele surgiram novos guruatos na Assembleia Legislativa, mas deu no que deu. Aguarda-se o guruato do Valdir Rossoni, que pelo jeito promete. Dos mais importantes em atividade, temos os guruatos do poder (Beto Richa e Gleisi Hoffmann); da oposição (Gustavo Fruet); da política (Fábio Campana e Celso Nascimento); da cultura (Rogério Pereira, na Biblioteca Pública); da gastronomia (Júnior Durski, no restaurante Madero); da sociedade (Reinaldo Bessa) e do futebol (Mário Celso Petráglia).

Como Ravi Shankar, se cada um desses gurus lançasse seus produtos no mercado (protetores solares, perfumes, remédios, roupas íntimas e outras bugigangas importadas do Paraguai) o Paraná seria o estado mais rico da Federação.

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Pena que o guruato de João Cláudio Derosso, depois de tantos anos orientando espiritualmente os vereadores, tenha caído em desgraça. Com isso, só resta aos seus seguidores saírem por aí arrastando o caixão do guru.