Imperador de Curitiba

São várias as hipóteses para Adriano Imperador ter escolhido Curitiba para se regenerar, desintoxicar ou ressuscitar, como preferir.

Na primeira delas, seria para passar pelo processo de criogenia. Ou seja, ele seria congelado no inverno curitibano para ressuscitar seis meses antes da Copa de 2018, ainda em tempo de ser convocado. Preservado criogenicamente, Adriano ficaria quase quatro anos hibernando no CT do Caju, assim como a Bela Adormecida, aguardando o dia em que Moraci Santana, preparador físico do Clube Atlético Paranaense, estivesse absolutamente convencido de sua reabilitação para o futebol. Completamente curado da boemia, com o peso e a conta bancária lá embaixo. Para ficar em forma, não há regime melhor que a criogenia: depois de alguns anos sem comer e beber, flutuando dentro de um tubo de metal, até o Walter do Goiás ficaria com a cinturinha da Gisele Bündchen.

Outra hipótese foi levantada pelo cartunista Tiago Recchia, na Gazeta do Povo, ao sugerir que Adriano só veio morar em Curitiba depois de ser convencido por seu empresário de que “o Rio é o mar; Curitiba é o bar; Leminski era baiano e os bares aqui fecham às 20 horas”.

Por último, a opção de Adriano comprova definitivamente que Curitiba não é para os fracos. Cidade sem portas, onde a chave da intolerância foi jogada fora, aqui nesse frio e aquoso planalto – como também dizia Paulo Leminski – sobrevivemos graças à “mística imigrante do trabalho”: Deus ajuda quem cedo madruga e quem não dorme cedo acaba num conto de Dalton Trevisan, babando na gravata de bolinha, tropeçando na sarjeta, jurando toda manhã nunca mais beber.

De uma forma ou de outra, restará um último teste para comprovar se o Imperador conseguiu atravessar as portas do inferno, que no caso de Curitiba elas vão de menos zero a 2.000 graus Celsius num mesmo dia:

– Diga leitE quentE! – pergunta Mário Celso Petraglia.

– Leitcchhii quentchhii! – responde Adriano.

– Infelizmente ele teve uma recaída! – lamenta o preparador físico Moraci Santana.