Ilha do Ostracismo

Na Grécia antiga, bem antes do Euro, quando os políticos ou proeminentes cidadãos botavam a mão no jarro de Zeus eram mandados para o ostracismo. Traduzindo do grego, o camarada seguia para um exílio mínimo de 10 anos. O patrimônio do indigitado era confiscado e a família ficava lambendo ostras durante todo esse tempo.

 Há muitos anos venho reivindicando o cargo de Caseiro da Ilha das Cobras. Minha campanha neste sentido, como se sabe, tem encontrado notável e sincero apoio do leitorado. A paradisíaca Ilha das Cobras tem página cativa na história e capítulo à parte nos anais do folclore. Cercada de água, óleo e contêineres por todos os lados, entrou para o patrimônio do Estado após 10 de novembro de 1937, quando Getúlio Vargas anunciava o Estado Novo e impunha um período de ditadura na História do Brasil. Alegando a existência de um plano comunista para a tomada do poder, Getúlio fechou o Congresso Nacional e mandou construir na Ilha das Cobras um presídio para isolar a caterva comunista. Contrariando os planos do caudilho gaúcho, o interventor Manoel Ribas, nomeado por Getúlio, teve a estúpida ideia de transformar a pretensa hospedaria de comunistas num reformatório para menores. A ilha só deixou de ser o “jardim de infância do inferno” muitos anos depois, quando Maneco Facão, já gagá, deixou de implicar com as criancinhas.

Caso o governador Beto Richa me enviasse para a Baía de Paranaguá, meu primeiro ato como Caseiro seria transformar a Ilha das Cobras no eremitério nacional do ostracismo. A ínsula dos exilados, retiro obrigatórios dos corruptos e indesejáveis da sociedade. Ilha do Desterro, como já foi um dia Florianópolis.   

Para o ostracismo da Ilha das Cobras não seriam poucos os candidatos de comprovado currículo. Primeiro da fila de matrícula, com direito a uma suíte com vista para a Ilha do Mel, o Ricardo Teixeira. Na mesma ala, Romero Jucá, Cândido Vaccarezza e todos os demais desafetos da presidente Dilma Roussef. Sem esquecer do senador Roberto Requião, cuja reserva na suíte presidencial da ilha do ostracismo, com visão panorâmica do Porto de Paranaguá, já foi feita pela chefe da Casa Civil Gleisi Hoffmann.

No cargo de Caseiro da Ilha do Mel, faria ainda convites especiais ao vereador João Claudio Derosso, a quem reservaria uma bela varanda com a paisagem de Guaraqueçaba e, na janela que se abre para a Ilha das Peças, alojaria o craque Adriano, o futuro Imperador do Ostracismo.

Nestes termos, governador Beto Richa, peço deferimento ao cargo de Caseiro da Ilha das Cobras. E desde já me proponho a convidar o secretário de Segurança Reinaldo de Almeida César para uma temporada de reeducação no ostracismo, se for o caso.