A partida inaugural da Arena da Baixada devia ser entre as seleções de Cuba e Haiti. Gleisi Hoffmann, ao estender um tapete vermelho no aeroporto Afonso Pena, já desembarcou os integrantes do seu time: os 59 médicos cubanos destinados aos 18 municípios do estado do Paraná, com prioridade para os cinco mais carentes de assistência médica.

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  As razões para importação dos cubanos são muitas, entre elas a indiscutível e vergonhosa inexistência de médicos nos grotões do país. Mas polêmica à parte, pela quantidade de doutores exportados por Fidel Castro, não há como deixar de imaginar que em Havana são diplomados tantos médicos quanto aqui no Brasil são formados advogados. Algo assim como um bacharel na porta da cadeia a cada dois bandidos.  

O ano acabou, a eleição já começou. Enquanto Gleisi Hoffmann trata os doutores cubanos com açúcar e com afeto, o governo Beto Richa vai precisar fazer dos operários haitianos o seu doce predileto. No canteiro de obras da Arena da Baixada, são 65 haitianos que atuam nas obras de reforma e ampliação para receber os jogos da Copa do Mundo de 2014. A principal função é ajudante de obras.

Ao contrário dos médicos cubanos – que entraram no Brasil com o tratamento de celebridade – o caminho para os haitianos  chegarem ao Brasil não foi fácil. Sobreviventes do fim do mundo, os miseráveis do Haiti esbarram nas exigências legais para entrar no país. O principal caminho acontece com passagens por República Dominicana, Panamá, Peru e Colômbia. O desembarque no Brasil ocorre em Tabatinga, no Amazonas, onde os imigrantes ficam cerca de dois meses até conseguir a documentação necessária para trabalhar. Já os médicos cubanos conseguem validar seus diplomas num piscar de olhos de Dilma Rousseff.

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Em 2014, a inauguração da Arena da Baixada não poderia ter um confronto mais espetacular: de um lado a candidatíssima Gleisi Hoffmann com seus doutores cubanos; do outro, o favorito Beto Richa à frente dos abnegados haitianos. E que vença o melhor.