A caminho do Brasil, o Papa Chico disse a um jornalista brasileiro: “Deus é brasileiro e vocês ainda queriam um papa?”. Fez-se um ligeiro silêncio entre os jornalistas de 15 países (a tempo de se ouvir uma aeromoça perguntar para o comissário de bordo se nesta terça-feira iria dar praia), para em seguida um deles perguntar ao papa:

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– Se Deus é brasileiro, porque escolheram justamente o Rio de Janeiro para reunir milhares de jovens do mundo inteiro? Será que a luxúria desse paraíso tropical não é capaz de desvirtuar os princípios de castidade da Jornada Mundial da Juventude?

Francisco ficou levemente ruborizado, sorriu em torno e respondeu:

– Deus sabe o que faz. E sabe por experiência própria. No deserto Ele foi tentado pelo diabo quarenta dias. Na primeira tentativa de sedução, quando Jesus sentiu fome, o Diabo lhe disse: “Se és o filho de Deus, mande que esta pedra se mude em pão”. O Senhor rebateu a essa tentação afirmando: “Não só de pão vive o homem.”

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Na segunda tentação, mostrando todos os reinos do mundo, o tentador disse a Jesus: “Se te prostrares diante de mim em adoração, tudo isso será teu.” Jesus rechaçou a oferta: “Eu vim para servir e não para ser servido. Adorarás ao Senhor teu Deus e somente a Ele servirás”.

Na Terceira tentação, o Demônio conduziu Jesus a Jerusalém, colocou-o na parte mais alta do templo, dizendo-lhe: “Se és o filho de Deus, atira-te daqui para baixo. Os anjos de Deus te levarão em suas mãos, para que não tropeces em alguma pedra.” O Senhor repele então a sediciosa tentação do orgulho com as palavras definitivas da Escritura: “Não tentarás o Senhor teu Deus!”. Segundo São Lucas – completou Francisco -, terminada toda a tentação, o derrotado Satanás afastou-se de Jesus, para retornar em outras ocasiões. O que significa que Jesus passou por muitas outras tentações.

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– Se nem mesmo no deserto Jesus ficou livre do demônio, por suposto estes milhares de jovens reunidos no Brasil fatalmente serão provocados pelos prazeres deste país tropical e bonito por natureza. O Rio de Janeiro tem um mar de tentações. Tentações de sua própria natureza divina. Nessa beleza de cenário, creiam, risco maior de ser seduzido pelas forças do mal corre o papa durante estes sete dias.

– De que forma, Santo Padre?

– O Demônio tem mil caras, mil nomes e mil cargos. Esta é a provação que me aguarda. Aqui no Brasil, meus caros, o Maligno costuma subir no palanque das autoridades.