Depois dos alemães e dos franceses, os italianos também caíram na malha fina do escritor Umberto Eco. Conforme o prometido, novos trechos do livro “O Cemitério de Praga”, onde o grande escritor italiano, com humor e erudição, revolve as origens dos “Protocolos dos Sábios do Sião” e ainda nos brinda com um “guia politicamente incorreto da Europa”. E por falar em brinde, eis aí um divertido presente de Natal.  

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“O italiano é inconfiável, mentiroso, vil, traidor, sente-se mais à vontade com o punhal que com a espada, melhor com o veneno que com o fármaco, escorregadio nas negociações, coerente apenas em trocar de bandeira a cada vento”. Segundo o vigarista e falsificador Simone Simonini (o principal personagem de Umberto Eco), é que os italianos, principalmente os “mestiços napolitanos e sicilianos”, são nascidos do cruzamento entre “levantinos desleais, árabes suarentos e ostrogodos degenerados, que herdaram o pior dos seus antepassados híbridos: dos sarracenos a indolência, dos suevos a ferocidade, dos gregos a irresolução e o gosto por se perder em tagarelices até procurar cabelo em ovo”. Quanto ao resto, “basta ver os moleques de Nápoles que encantam os estrangeiros estrangulando-se com espaguetes que enfiam goela abaixo com os dedos, lambrecando-se de tomate estragado”.

Ainda segundo Simonini, um exímio falsário, “o sujeito se faz padre ou frade só para viver no ócio e, entre os mais indignos, o governo escolhe os mais estúpidos e os nomeia bispos”. Não é de se admirar que vem do primeiro escriba dos “Protocolos de Sião” a teoria de que “o reino da Igreja não é desse mundo, e metem a mãos em tudo o que podem roubar”. E mais: os italianos são o que são porque “se modelaram nos padres, o único governo verdadeiro que já tiveram”.

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Além dos alemães, franceses e italianos, os personagens de Umberto Eco também destilam venenos para os judeus e os maçons (os jesuítas são maçons vestidos de mulher”) e não deixam em pé nem mesmo Giuseppe Garibaldi e Sigmund Freud, um “medicozinho que prescreve terapias à base de hipnose e cocaína”.

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