Guia Politicamente Incorreto da Europa

Dois livros do jornalista curitibano Leandro Narloch estão há muitos meses na lista dos mais vendidos no Brasil: os guias politicamente incorretos do Brasil e da América Latina. O que mostra a quantidade de leitores já vacinados contra essa “epidemia politicamente correta” que os pobres de espírito trouxeram da América do Norte.

Para os leitores de Leandro Narloch, a propósito, recomenda-se o novo livro do italiano Umberto Eco, “O Cemitério de Praga”. Um romance no velho estilo de folhetim em que, com o humor e erudição, um dos mais importantes pensadores vivos bota abaixo a autoestima de alemães, franceses, italianos e demais sócios da Comunidade Europeia. “O Cemitério de Praga” é uma obra que podemos chamar de “Guia Politicamente Incorreto da Europa”. A começar pelos alemães, alguns trechos de como o irreverente Humberto Eco sepulta a recomendação de que não é politicamente correto se fazer graça com raças e religiões.

“Um alemão produz em média o dobro das fezes de um francês. Hiperatividade da função intestinal em detrimento da cerebral, o que demonstra sua inferioridade fisiológica. (…) O abuso de cerveja torna-os incapazes de ter a mínima ideia da sua vulgaridade, mas o superlativo dessa vulgaridade é que não se envergonham de ser alemães. (…) É o espírito da cerveja que os estupidifica desde jovem e explica porque  além do Reno jamais se produziu algo de interessante na arte, salvo alguns quadros com fuças repulsivas e poemas de um tédio mortal. Wagner é barulhento e funéreo, as composições do seu Bach são totalmente desprovidas de harmonia, frias como uma noite de inverno, e as sinfonias do tal Beethoven são uma orgia de estardalhaço. (…) Levaram a sério um monge glutão e luxurioso como Lutero (pode-se desposar uma monja?), só porque arruinou a Bíblia traduzindo-a para a língua deles. Alguém não disse que abusaram dos dois grandes narcóticos europeus, o álcool e o cristianismo? Consideram-se profundos porque sua língua é vaga, não tem a clareza da francesa e nunca diz exatamente o que deveria, de modo que nenhum alemão sabe jamais o que queria dizer – e toma essa incerteza por profundidade”.

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Saiba amanhã porque os franceses acham que o mundo inteiro fala francês.