Há controvérsias quanto ao nome de um possível Centro de Tradições Curitibanas. Alguns acham que ideia “é viável, porém inexequível”. O curitibano que chegou agora, já bem aculturado, há de botar um pé atrás: “Centro de Tradições Curitibanas? Não vai dar certo. Só se for um Centro de Contradições Curitibanas!”.

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Outros, os curitibaníssimos de quatros costados, são mais radicais. Por exemplo, o publicitário Sérgio Maluf Torres, que nos enviou a seguinte mensagem pelo Facebook: “Bem observado, Dante. Fiquei mais ressabiado que guri em porta de baile. Talvez fosse melhor um centro de ex-tradições paranaenses…”.

A questão da extradição é deveras complicada. Precisaríamos decidir ainda se entregamos ou não entregamos de uma vez por todas a jurisdição do Sudoeste do Paraná ao Rio Grande do Sul.

Entre os prós e contras aos Centros de Tradições Gaúchas (CTGs), todos concordam é que os gaúchos são de fato muito espaçosos. Onde os gaudérios encontram um pedacinho de terra dando sopa, lá vão eles plantar soja para fundar um CTG. É o que nos conta o engenheiro agrônomo Ivan Anzuategui, curitibano hoje morando em Brasília. Também cartunista, Ivan é o criador do antológico personagem Pica-Fumo, sucesso na imprensa paranaense nos anos 1980.

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Sobre a crônica de ontem – “Cópia de Gaúcho” -, Anzuategui nos enviou o seguinte aparte:

“A gauderiada por estes pagos do Distrito Federal dá de monte. CTGs, rodeios, costelada todo primeiro domingo do mês. Eles vêm com todo o know-how de plantador de commodities. Rapam a zero o cerrado, instalam a cooperativa que já abre o guichê de financiamento, ligam os tratores e as colheitadeiras e na safra as máquinas roncam 24 horas direto. Sai o pai do volante, entra o filho e dê-lhe trabalhar noite adentro. Demais pra cabeça dos goianos, que faz 500 anos nunca mexeram no cerrado, a não ser uns paulistas loucos que apareceram por aqui atrás de esmeraldas, uns 300 anos atrás. Olham pra aquilo e balançam a cabeça. A primeira geração é pura segregação, um apartheid de ambos os lados. A segunda geração é engraçado de se ver: aquela alemoazinha ferrugenta, de cuia numa mão, e segurando o moreninho goiano com a outra, de aliança no dedo. O filhinho, em vez de falar “perrrrna”, como a avó quer, fala “pehhhrna”, com o erre mais assoprado do mundo. Continuam vindo, se tu quer saber. Da terceira geração pra frente, o cd das milongas fica na gaveta e vão dançar forró no pé da serra. Eita!”.

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