Veio de Sérgio Buarque de Holanda, pai de Chico Buarque, o conceito de que o brasileiro é um homem cordial. De onde surgiu o nome do livro “Maurício Fruet, um Brasileiro Cordial” (de Hugo Sant’Ana e Sandra Pacheco), o apanhado das divertidas histórias vividas pelo pai de Gustavo Fruet. Histórias de grande valia para entender o caráter e o espírito da família que, na prefeitura, vai ressaltar a cordialidade como a principal virtude da cidade.

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Desses acontecidos, o caso do “Gaúcho assustado” saiu até na Folha de S. Paulo. Numa daquelas tantas viagens Brasília-Curitiba, o deputado Maurício Fruet pegou um avião para Porto Alegre, com escala em Curitiba. Cansado, logo recostou a cabeça com a intenção de tirar um cochilo. Em sua volta, uma pequena algazarra provocada por um grupo de gaúchos que tomava chimarrão, contava causos e até ameaçava dançar o vanerão no corredor.

Após a decolagem, Maurício estava quase pegando no sono quando um dos gaúchos o abordou:

– Tirando uma sonequinha, tchê?

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– Percebendo que não iria ficar em paz, Maurício imediatamente tratou de se livrar da gauchada.

– Não, não. Estou escutando o barulho do motor.

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– Algo errado, tchê? – brincou o gaudério.

Maurício encostou o ouvido mais perto da janela e assumiu uma expressão de espanto.

O gaúcho tirou o chapéu:

– Mas o que é que está havendo, tchê? Conta pra gente!

Percebendo que havia chegado onde queria, se identificou como engenheiro da aeronáutica e, com ar conspiratório, confidenciou ao gaúcho que estava percebendo um barulho estanho nos motores. Dito isso, Maurício se levantou e entrou na cabine do comandante. Minutos depois voltou ao seu lugar, manifestando grande preocupação. Colou novamente o ouvido na janelinha, ciente de que era observado. O gaúcho de olhos arregalados não incomodou mais e Maurício ferrou no sono de que tanto precisava.

Só acordou com o avião pousando em Curitiba. Havia esquecido do episódio e, depois de retirar a bagagem, deu uma volta pelo saguão à espera do filho e motorista Gustavo, que ainda não havia chegado.

No cafezinho, ficou surpreso ao avistar o gaúcho todo assustado que veio ao seu encontro:

– Mas bá, tchê! Tu não ias para Porto Alegre?

Maurício deu o último gole no cafezinho e respondeu:

– Vou esperar outro avião, tchê. Sou muito moço para morrer.

O gaudério só voltou para Porto Alegre no dia seguinte.