Ganhamos na loteria!

Ficar milionário da noite para o dia e na primeira hora da manhã ser recebido com banda de música pelo gerente da Caixa Econômica Federal para receber o prêmio da loteria. Com exceção do Cecílio Rego Almeida, quem ainda não montou esse filme, com suas mais deliciosas cenas?

Ao anunciar a descoberta de oito bilhões de barris de petróleo pela Petrobras, num buraco atlântico chamado Tupi, a ministra Dilma Rousseff exibia o brilho nos olhos de quem ganhou na loteria. Se o ?gerente da Caixa Econômica? confirmar o prêmio, as novas reservas nos colocam na condição de sócio de qualquer clube privê dos Emirados Árabes. E dona Dilma, assim assanhada, uma forte candidata a herdar o buraco do Lula, futuro presidente da Opep.

Chega de gás, vamos torrar gasolina. ?Tupi or not Tupi?, já podemos nos considerar os novos ricos do planeta, os nababos da América Latina. Adeus Haiti, Dubai é aqui. Os argentinos, remoendo inveja, se perguntam: ?O que los macaquitos vão fazer com tantas bananas??.

Hugo Chávez, que ainda vai acabar no fundo do poço, não disfarçou a dor de cotovelo: ?Lula, agora que você é um magnata petroleiro, que o Brasil tem tanto petróleo, te proponho que nos juntemos nestes mecanismos de cooperação com países que não têm petróleo, com países que não tem possibilidade de pagar US$ 100 o barril?.

Quando se ganha na loteria, sempre tem um vizinho para propor negócios mirabolantes. É o Hugo Chávez. Metido a rico com o dinheiro dos outros, o valentão ainda vai propor a construção de uma base militar na Lua, para atacar com mais conforto os Estados Unidos. Afora engabelar Lula a doar metade dos oito bilhões de barris ao companheiro Evo Morales.

Há quem diga que a Petrobras, com toda sua tecnologia para cavar buraco no fundo mar, está mesmo é prospectando no mundo da Lua. O buraco é mais embaixo, dizem os jornais de Buenos Aires. Com invídia, os ministros de Cristina Kirchner calculam que, para chegar ao tesouro abissal, os peões da Petrobras precisam cavar um buraco que vai da bacia de Santos até o Mar do Japão. Inveja pouca é bobagem, os argentinos estão convencidos de que só traremos das profundezas do oceano a camada de sal que cobre o gigantesco lençol de petróleo. O sal, hoje, tem preço de banana, avaliam los hermanos. Pouco importa, salgado está o preço da gasolina. Se as antigas reservas de petróleo já nos bastavam para valorizar as ações da Petrobras, agora que somos mais do que auto-suficientes em sal, criaremos a Salbras.

Dona Dilma sabe, teve um tempo que o sal era o petróleo. Conta uma história que a princesa disse ao pai: ?Eu te amo como sal?. Sua Majestade tomou a frase por desprezo e expulsou a filha do reino. Muitos anos se passaram, as guerras devastaram o reino. Ao ser privado das minas de sal, o rei soube o valor do que perdia e reconheceu o amor profundo da filha. No conto francês, o rei não dava valor ao sal nem ao afeto da filha. Aprendeu a dar.

?Lula, eu te amo como o petróleo!?, diz o meloso Hugo Chávez, e dona Marisa que fique esperta com o canastrão da Venezuela.

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Brasileiro não é tatu, mas sabe os buracos que tem. Se de fato ganhamos na loteria, o gerente da Caixa Econômica que nos aguarde:

– O petróleo é nosso, mas quero o meu prêmio em dinheiro, antes que usem oito bilhões de barris para tapar o buraco de deputados e senadores.