Poucos sabem, mas a terceira maior cidade polaca no mundo é Curitiba. A primeira é Varsóvia, capital da Polônia, e a segunda é Chicago, nos EUA. Com tantos americanos de origem polonesa, em Chicago as anedotas mais populares são as nossas velhas conhecidas “piadas de português”. Ou seja, os gringos apenas troca os personagens: no lugar do Joaquim e do Manuel, entram o Miroslaw e o Stanilaw. O mesmo acontece na Espanha, onde os espanhóis da Galiza são tratados com o nome genérico de “Lepe”.

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O escritor Cristovão Tezza abordou um tema que explica porque os espanhóis chamam de “Lepe” os galegos da Galiza, região que se acha apenas acidentalmente como parte da Espanha. Tezza observa que a cultura galega parece se identificar mais profundamente com a cultura brasileira do que com a própria Espanha, de que é parte política. E a razão é, antes de tudo, linguística: “Afinal, o nosso português veio de lá, bem antes que o Condado Portu­­calense se estabelecesse no século 11. O berço de nossas palavras é o noroeste da Península Ibérica, em que falava-se o que hoje se classifica como `galego-português´, uma língua de sonoridades vocálicas muito mais próximas do que viria a ser a língua brasileira do que o próprio idioma consonantal em que se transformou o clássico português lusitano”.

Na Galiza, um brasileiro se sente mais em casa do que em Portugal. Vassoura é “bassoura” e a linguagem é mais confortável aos ouvidos do que aquele esquisito dialeto que se conversa em Lisboa.

“Chistes de Lepe” seria um livrinho para ilustrar a crônica de Cristovão Tezza. Publicado em Barcelona, já na capa tem uma anedota típica: “Sabes por qué los del Lepe plantan cebollas en la carretera (na estrada)? Porque va bien para la circulación”.

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Outros chistes, devidamente traduzidos:

– Sabes porque os de Lepe não têm zebra no zoológico? Porque nenhum burro se deixou vestir o pijama.

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– Sabe porque é fácil descobrir o homem invisível de Lepe? Porque é o único que usa uma boina. 

– Sabes porque os de Lepe não bebem leite fresco? Por que a vaca não cabe na geladeira.

– Sabes porque os de Lepe nunca chegam à capital? Porque um pouco antes da chegada tem um letreiro que diz: RETORNO.

Em outras culturas do mundo, onde uma maioria étnica costuma caçoar das minorias, os chistes são praticamente iguais, com outros personagens. Na Coreia do Sul com a do Norte não deve acontecer o mesmo, sob o risco de uma terceira guerra mundial. Entre árabes e judeus o humor é muito peculiar, sujeito a explosões de mau humor. Já entre brasileiros e argentinos as anedotas giram entre dois temas: todo brasileiro é um macaquito e todo argentino é um egocêntrico. Adaptando para o Paraná, daí a origem da teoria de que um atleticano é apenas um argentino nascido em Curitiba.