Futebol na UTI

(Diário de Roma)

A morte súbita do jogador Piermario Morosini (foto) aponta que o futebol italiano agora preocupa não só aos cardiologistas como também aos economistas. É a grave a crise do “calcio”, dentro e fora do campo. E faz bater ainda mais acelerado o coração dos empresários da bola que até bem pouco tempo atravessavam o Atlântico nadando em dinheiro.

Segundo o jornal La Repubblica, que acaba de fazer um raio X da situação, o futebol italiano “è malato” – está na UTI. E não só pelos escândalos de corrupção. Nos últimos três anos, os créditos dos clubes estão sempre empenhados e o prejuízo é de estraçalhar o coração de qualquer magnata.

Os clubes da Série A perdem 1,13 Euro para cada Euro arrecadado. E na Série B o quadro clínico é ainda mais grave. Numa só temporada, a de 2010-2011, as perdas somaram 428 milhões de euros e o futuro deverá ser pior: não aumentam os direitos pagos pelas televisões para a transmissão dos jogos, nem os encargos dos estádios. Sem essas substanciais fontes de renda, os clubes não conseguirão manter os salários bilionários dos jogadores.

Do ponto de vista do La Repubblica, “hoje o futebol é o espelho da sociedade”. E a Série A confirma os dogmas da sociologia: é a fotocópia do estado de saúde da Itália. “É desolador”, lamenta o jornal. Dos 107 clubes da Liga, só 19 não fecharam o ano passado com o balanço no vermelho.

Agora quem está com o coração abalado é a namorada de Piermario Morosini, Anna Vavassori: “Sempre sorrindo, era belíssimo. Adorava jogar na chuva e dizia que a bola merece tratamento especial. Estou segura que ele morreu feliz no campo, o futebol lhe dava um sentido na vida”.