A palavra furacão tem origem na mitologia maia, quando o deus Huracan se incumbia da constante tarefa de destruir e reconstruir a natureza. O Brasil não tem furacões como o Katrina, que destruiu parte da América do Norte. Nossos furacões são mais sofisticados. Assim como a bomba de nêutrons, eles têm ação destrutiva apenas sobre organismos vivos, mantendo, por exemplo, a estrutura de uma cidade intacta.

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Femininos ou masculinos, nossos furacões não recebem nomes dentro de uma ordem alfabética, como nos Estados Unidos, mas têm a mesma fúria. Um deles começou com a letra J, de Jefferson; o que causou o furacão com a letra V, de Valério e a letra D de Delúbio; até chegar a uma tormenta tão poderosa que mereceu letra dupla: ZD. O furacão Zé Dirceu, com epicentro no Palácio do Planalto. Depois de longa tormenta, estamos esperando para ver no que vai dar o furacão Mensaleiro, um dos mais tenebrosos da história do Supremo Tribunal Federal.  

As águas quentes do Lago Paranoá possuem as mesmas características naturais das misteriosas águas do Golfo do México, fazendo com que todos os furacões brasileiros tenham origem em Brasília. O furacão Rose, nome em homenagem a uma protegida do Lula, foi um dos exemplos mais recentes: nasceu na gaveta do escritório da Presidência da República em São Paulo, mas teve o seu epicentro em Brasília, onde estava inativo por falta de condições naturais.

Em Brasília, dia sim, dia não, nasce um novo furacão. Quando um deles aponta para a Praça dos Três Poderes, a Casa Civil trata de proteger as janelas do palácio, para o lamaçal não entrar no gabinete presidencial. Quando os ventos chegam aos telhados de vidro do poder, a natureza não deixa pedra sobre pedra. A médium Adelaide Scritori, da Fundação Cobra Coral, costuma se oferecer para a prevenção dos desastres naturais com alto poder de destruição. Mesmo assim, não avisou em tempo a chegada de um ciclone de escala média na sala da ministra Ideli Salvatti. Nada muito assustador, mas com força suficiente para não só trincar as vidraças do palácio como, também, balançar o andor de alguns devotos da presidente Dilma.

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Desde 1500, quando Cabral descobriu as calmarias da Bahia, a causa do maior furacão a atemorizar o Brasil não passou da categoria de 20 centavos. Infelizmente ele já se foi, Brasília respira sossegada e agora os observadores estão de olho no Furacão Petraglia.