Na primeira reunião de Dilma Rousseff com seus 39 ministros (por que não 40?) faltou muita gente. Além de ter faltado no discurso uma ponta de convicção, o mínimo de coerência e pelo menos uma proposta de impacto para levantar o ânimo da nação combalida.

continua após a publicidade

Sendo que nem a própria presidente deve saber de memória o nome e sobrenome dos 39 ministros – quanto mais a profissão e o currículo de cada um -, faltaram à mesa da Granja do Torto alguns nomes que, se não são ministros nomeados e de papel passado, são os ministros paralelos. É o que na Inglaterra chama-se “shadow minister”, nome que a oposição dá a um membro do Parlamento que exerceria a função se ela estivesse no governo.

Como parte do ministério das sombras de Dilma Rousseff – os ministros paralelos que realmente governam sem aparecer – a mais notável ausência na reunião da Granja do Torto foi José Dirceu, insubstituível ministro paralelo da Casa Civil. Além dele, não se sentaram à mesa o cardeal petista Gilberto Carvalho, com o seu poder de ubiquidade; João Vaccari, o zelador dos cofres do PT; Graça Foster, a mulher mais poderosa da República depois de Dilma Rousseff; e – last but not least (por último, mas não menos importante) – o ministro sem pasta Luiz Inácio Lula da Silva.

Para completar o “shadow minister” de Dilma Rousseff, faltou o ex-primeiro ministro inglês George Brown, famoso por suas bebedeiras pelo mundo afora e protagonista de um porre em Brasília que ficou nos anais do folclore diplomático internacional.

continua após a publicidade

No cargo de ministro das Relações Exteriores, Brown foi recebido com uma requintada recepção no Palácio da Alvorada. Os militares estavam em seus trajes de gala e os embaixadores em trajes cerimoniais. O relato está no livro “Um por um – 101 encontros extraordinários”, feito por membro da delegação inglesa:
Assim que entramos, de pronto George encaminhou-se para uma figura vestida num lindo e formidável traje carmesim e disse:

– Com licença, concede-me o prazer desta dança?

continua após a publicidade

Houve um terrível momento de silêncio até que o convidado, que sabia quem ele era, respondeu:
 – Há três razões, sr. Brown, pelas quais não dançarei com o senhor. A primeira é que creio que o senhor bebeu um pouco além da conta. A segunda é que música que a orquestra está tocando não é, como o senhor supõe, uma valsa, mas o hino nacional do Peru, para o qual o senhor deveria prestar seus respeitos. E a terceira razão é que eu sou o cardeal-arcebispo de Lima.

Fosse no baile ministerial da Granja do Torto, George Brown iria tirar Dilma Rousseff para dançar :
– Com licença, presidenta, concede-me o prazer dessa dança?

– Há três razões, sr. Brown, pelas quais não dançarei com o senhor. A primeira é que o senhor está precisando de óculos. A segunda é que eu sou Joaquim Levy, ministro da Fazenda. E a terceira razão é que aqui vai dançar todo mundo, mas não desejo ser o primeiro!