O Curitiba não é mais aquele? – perguntou o suplemento “ViverBem” da Gazeta do Povo deste domingo. Sem perder o orgulho pela cidade, a reportagem especial de Annalice Del Vecchio constata que o curitibano começa a abandonar o estereótipo de reservado e, cada vez mais, se torna aberto a quem adota a capital como sua segunda casca. Muitos até já sentem saudades do curitibano em mutação, como já desabafou certa vez o escritor Elói Zanetti: “Há uma invasão muito grande de gente de fora. Vamos perder nossos hábitos e sotaques. Escurecemos a pele e estamos nos parecendo com bairros da periferia de São Paulo”.
Sobre os curitibanos da gema, essas criaturas em extinção, a minha entrevista publicada no suplemento “ViverBem”:
Quais os melhores defeitos e as piores qualidades do curitibano?
Uma das piores qualidades dos curitibanos é que eles são tão organizados, mas tão organizados, que quando chove fazem fila para pular a poça d’água. Um dos melhores defeitos é que nove em cada dez curitibanos são urbanistas. O que resta não é arquiteto, é engenheiro. Curitiba não tem mar, tem parques. Não tem baías, tem áreas verdes. Não tem ilhas, tem praças. Um dos melhores defeitos de Curitiba é não ter mar. Uma das piores qualidades é a sua localização serra acima, com segura distância do mar.
O curitibano faz jus à fama?
São muitos os clichês usados para estampar o “homo curitibanus”. Grande parte deles são genéricos, servem também ao parisiense (de nariz empinado), londrino (arrogante), paulista (egocêntrico) e carioca, quando convida para uma visitinha (passa lá em casa!), mas não fornece o endereço. O curitibano é frio? Claro que é, ou alguém acha que vivemos longe do mar impunemente?
Não se fazem curitibanos como antigamente?
Curitibano da gema é criatura em extinção, ararinha azul vista benzendo seu carro na Igreja das Mercês, comprando broa na padaria América. Nesta cidade de forasteiros com sotaque leitEquentE, o curitibano de quatro costados vive no exílio em sua própria casa!