Estadista em seis idiomas

Entrou para a galeria das chuteiras imortais a frase de Romário sobre Sua Majestade Edson Arantes do Nascimento: “O Pelé calado é um poeta”. Sobre Dilma Rousseff, o deputado Romário ainda não se manifestou com sua ironia, mas se ele disser que a presidente de boca fechada é uma grande oradora, pode fazer um belo contributo aos ouvidos da nação.

O poeta Emílio de Menezes (desenho) não era carioca, baixinho e ágil como Romário. Muito pelo contrário, era paranaense, gordo feito uma pipa e sua agilidade não estava na ponta dos pés, estava na ponta na língua. Além da fina ironia, o mais em comum com Romário era sua paixão pelo Rio de Janeiro. 

Certa feita, bem antes de Romário ter nascido, Emílio de Menezes estava em uma roda da Confeitaria Colombo, quando chegou um amigo e apresentou-lhe um rapaz que vinha em sua companhia:

– Apresento-lhe Eustáquio. É nosso patrício e tem corrido o mundo inteiro. Fala corretamente o inglês, o francês, o italiano, o espanhol e o alemão.

O rapaz sorriu modestamente ante os elogios, e a conversa na mesa voltou ao que era. Ao fim de uma hora, durante a qual proferiu alguns monossílabos, o giramundo despediu-se e foi embora.
– Que tal esse camarada? – perguntou a Emílio um dos participantes da roda.

– Inteligentíssimo e, sobretudo, muito criterioso – respondeu o rei dos boêmios.

– Mas ele não disse uma palavra.

– Pois, por isso mesmo! – tornou Emílio.

E rindo:

– Você não acha que é preciso ser muito inteligente para saber ficar calado em seis línguas diferentes?

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Nestas alturas do campeonato, só falta Romário chutar no Senado que a presidente Dilma seria uma estadista respeitada no mundo se soubesse ficar calada em seis idiomas. 

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