Na qualidade de  presidente terceirizada, Dilma Rousseff tem lá suas carradas de razão ao fazer da reforma política a tábua de salvação deste seu melancólico início de mandato. Para começar, ela deveria fechar o Congresso e legalizar apenas dois partidos: a Esquerda Sem Vergonha (ESV) e a Direita Desavergonhada (DD). A opinião é do abalizado cientista político Tadeusz Nulowski – titular de uma das cadeiras do bar do Popadiuk.

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Segundo Nulowski, na Direita Desavergonhada seriam abrigados todos os partidos que hoje se dizem centro, centro direita, esquerda democrática, socialistas de fachada e demais direitistas enrustidos em siglas que hoje têm vergonha de revelar suas posições conservadoras. Para o bem da democracia, os direitistas precisam sair do armário e soltar a franga – conclama o cientista político. A Direita Desavergonhada será um dos maiores partidos políticos do Brasil, suplantando até a Arena do período da ditadura, graças ao desmedido esforço do Partido dos Trabalhadores em desqualificar a esquerda genérica – aposta Nulowski.  

Já os companheiros petistas que hoje estão sobrevivendo nas catacumbas, depois do surto de corrupção na alta cúpula do comissariado, precisam liderar a criação da Esquerda Sem Vergonha com o apoio da esquerda festiva, da esquerda gourmet e dos socialistas socialites; e os desgarrados da direita tucana precisam deixar de lado suas pequenas diferenças e deitar no sofá de um analista para perder seus complexos de culpa.

Para ilustrar sua proposta de reforma política, Tadeusz Nulowski conta o caso de uma fictícia pesquisa de criogenia, a técnica de manter cadáveres congelados anos a fio para ressuscitá-los um dia, realizada em Brasília. Se nos dias de hoje botarem na geladeira um brasileiro completamente desiludido com a democracia vigente, o resultado será surpreendente. Daqui a 50 anos, ao acordar com aquele olhar de tainha no freezer, o camarada vai perguntar aos cientistas:

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– Onde estou?

– Em Curitiba.

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– Curitiba? Como vim parar aqui, se eu sou de Brasília?

– Positivo. No entanto o clima de Curitiba é o mais propício para as pesquisas de criogenia.

– Huummm…

– Em que ano estamos?

– Ano de 2065.

– Deixa eu me situar no tempo: quem é o presidente do Brasil?

– Jair Bolsonaro Neto presidente; Fábio Luís Lula da Silva Júnior vice.

– E aqui no Paraná, quem é o governador?

– Ninguém sabe. O Estado está desgovernado desde 2015.