Era o que tínhamos

O craque Ernani Buchmann pendurou (temporariamente, esperamos) suas chuteiras no microfone da rádio CBN. A quem ouviu ou não ouviu, Ernani deixou estas elegantes palavras de despedida.

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O mundo do futebol parece ter sido imaginado por Miguel de Cervantes. Transitam por ele muitos Dom Quixote, fidalgos de triste figura, montados em seus cavalos imaginários. Também são comuns os Sancho Pança, do quais o exemplo mais caricato é o eterno auxiliar de Luiz Felipe Scolari, o Murtosa.

Neste universo de Cervantes são milhares os moinhos de vento a ser combatidos. Todo dia a imprensa nos traz exemplos interessantes. Nesses últimos tempos, as obras da próxima Copa viraram moinhos. Temos muitos Rocinantes, ora se não. Para a torcida brasileira, Mano Menezes tornou-se a cavalgadura da vez. E as Dulcineias estão presentes na porta de todos os hotéis, à beira dos estádios, mordendo alambrados, nas festas que embalam as noites dos craques e dos Quixotes e dos Sancho Pança.

É um mundo muito rico, cheio de aspectos curiosos e extravagantes, como se fossem escritos pelo genial autor de Dom Quixote, personagem que todos nós, comentaristas, também incorporamos. Por isso, quero agradecer o privilégio de ter dividido este espaço e esta audiência com vocês, ouvintes da CBN.

Era o que tínhamos, foi o que tivemos.

A gente se vê por aí. Até mais. (Ernani Buchmann)