Entramos na Era Walter

A que ponto chegamos. No final do século passado, a Era Dunga não foi um fenômeno restrito às páginas esportivas. Foi um ciclo de mediocridades que passou por todas as páginas da vida brasileira. O jogador símbolo do Dunga foi o atacante Afonso Alves. Convocado pela primeira vez para amistosos contra Turquia e Inglaterra, em 2007, depois disso foi abduzido e hoje joga num time de Marte. Dunga tinha como lema a frase do alemão Goethe: “Genialidade é esforço”. Na base da retranca, botando mais fé na força do que na técnica, assim caminhava o Brasil do vai ou racha.

Mudou o século e mudou o país. Acabou a Era Dunga, começou a Era Walter: o gordinho artilheiro, considerado pela imprensa esportiva como o melhor jogador do Campeonato Brasileiro. “Tem jogador que briga com as drogas e as bebidas. Minha briga é com os doces e refrigerantes”, teria declarado o fenômeno, descartando também a possibilidade de sair do Goiás na próxima temporada, resistindo ao assédio de grandes clubes do Brasil e do exterior. Descartando também, podemos imaginar, a possibilidade de vir a ser chamado por Dilma Rousseff para liderar uma campanha contra a obesidade infantil: “O Ministério da Saúde adverte: não se iluda, gordinhos são escalados para jogar no gol!”.

“Contenção de calorias” é o mote do governo do Paraná, aparentemente integrado à Era Walter. Depois de anunciar o corte de 1.000 cargos em comissão, junto com a esdrúxula fusão da Secretaria da Cultura com o Turismo (Secretaria do Culturismo), a rádio e televisão E-Paraná vai receber a maquiagem de entidade privada. Para reduzir as gorduras do governo, o projeto de lei pretende mudar o regime jurídico da emissora estatal, com o objetivo de dar alguma folga no pagamento da folha salarial. A ordem é cortar gorduras para continuar no jogo.

Exemplo maior da Era Walter é o gorduroso ministério de Dilma Roussef. Com 39 ministérios e uma base aliada paquidérmica, não se sabe como esse governo ainda marca os seus golzinhos de vez em quando.