Domingos Meirelles é um jornalista fora do padrão, só bebe água! Carioca do Meier, após trabalhar como vendedor de máquinas de escrever gostou do produto e ingressou no jornalismo e se tornou o repórter que todos conhecemos da Rede Globo de Televisão. Repórter do jornal Última Hora, do Rio de Janeiro, foi chamado para trabalhar no berço da revista Realidade, da Editora Abril. Isso em 1970. Na entrevista com a gerente de Recursos Humanos, a última pergunta:

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-O senhor tem vícios?

-Nenhum.
-Não fuma?
-Não fumo!
-Mas bebe!
-Não bebo!
-Não bebe?

-Nunca fumei, nunca bebi!

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Perplexa, a gerente encerrou o questionário, pedindo que o jornalista aguardasse o resultado. Passaram-se os dias, quando foi, enfim, convocado.
-Desculpe a demora. O seu caso precisou ser melhor analisado.

-Por quê? Fui convidado, não vim aqui pedir emprego.

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-É que o senhor não bebe. É um jornalista fora do padrão!

Fora de série também era o jornalista João Dedeus Freitas Netto. Médico, combatente da Segunda Guerra Mundial e jogador de basquete, o Freitas Netto tinha ainda uma inteligência superior, um espírito grandioso e o humor refinado.

Em 1961, o jornal O Estado do Paraná resolveu aderir à Campanha da Legalidade, desencadeada por Brizola para garantir a posse de João Goulart na Presidência da República. Secretário de redação, João Dedeus pediu um editorial na primeira página, com uma tarja verde-amarela. José Augusto Ribeiro, que depois brilharia nas principais redações do País, era o jovem e já muito respeitado editorialista do jornal e, apesar de naquele dia combalido por uma crise de hemorroidas, fez questão de escrever o dito editorial. Com o traseiro em chamas, Zé Augusto pediu que pusessem uma máquina sobre o balcão, já que na situação em que estava não era aconselhável se sentar.

Quando suspeitou que o bravo redator estivesse nos finalmente do editorial , Freitas Neto se aproximou e ditou o título do editorial: ‘Em pé, pelo Brasil!‘.

Em respeito a Domingos Meirelles, João Dedeus Freitas Netto, José Augusto Ribeiro e tantos outros que nunca se curvaram perante a estupidez, não vamos cair de bruços, muito menos de quatro. Devemos seguir em pé, pelo Brasil! E que se danem as hemorroidas!