Eles vão invadir a sua praia

 

A vinda de Barack Obama (e da não menos importante Michele) ao Brasil provocou alguns fatos paralelos dignos de alguns parágrafos. Um deles no Rio de Janeiro, com a frase do prefeito Eduardo Paes ao saber que Obama cancelara o comício na Cinelândia: “Pelo menos não entro para a história como o prefeito que fechou o Amarelinho”. Como isso, os cariocas ganharam mais uma lenda para se gabar: o Amarelinho é um bar que nem mesmo o presidente americano conseguiu fechar.

Outro ainda, dizem que Muamar Kadafi fez um último desafio às forças internacionais que o estão querendo amarrar numa camisa de força:

– Se o Obama não consegue fechar nem o Amarelinho, não será na Líbia que ele vai fechar o meu botequim.

Talvez a presidente Dima Roussef, na sua longa conversa a sós com o marido da Michele não o tenha convencido da premente necessidade do Congresso dos EUA eliminar os subsídios agrícolas. Em contrapartida, neste formidável week-end Obama nos deixou um exemplo de imensurável valor político. Ao comandar de Brasília, no sábado, o ataque aéreo à Líbia, Obama mostrou o quanto são risíveis as transmissões de cargo aos vices. Para ordenar o início de um bombardeio no norte da África, Obama não precisou passar o bastão para o vice Joe Biden. No Brasil, até mesmo quando o titular vai comprar uísque no Paraguai o vice se encarrega de montar um espetáculo digno de um príncipe.

De Brasília para o Rio de Janeiro, da Baía da Guanabara para o primeiro planalto paranaense, no rabo de foguete de Barack Obama o grande acontecimento de Curitiba foi o Ano Novo pós-Carnaval que fechou a Praça Espanha na noite de sábado.

A origem deste réveillon fora de época é mais uma história que vai entrar para o rol das lendas urbanas. A mais deliciosa das versões conta que tudo começou com uma gaúcha recém-chegada que resolveu reunir pelo Facebook quatro amigas para quebrar a monotonia da cidade. Com o pretexto de celebrar o ano que no Brasil só começa de fato depois do Carnaval, a despretensiosa festa se transformou num fenômeno jamais visto em Curitiba. Pelo Face Book, mais de três mil pessoas confirmaram presença e, na meia-noite de sábado, mais de cinco mil jovens entupiram a Praça Espanha, mais os bares dos arredores.

Ano novo, vida nova e quem se acha poderoso que se cuide: ontem invadiram a Praça Espanha, amanhã vão invadir a sua praia. E, assim como no Egito, também aqui alguém vai batizar a filha com o nome de Facebook.