Com a autoestima a 934 metros de altitude e o ego inflado, os curitibanos ganharam crédito para se exibir ainda mais pelo mundo afora. Segundo uma lista do site Traveller’s Digest, Curitiba é a 8.ª Melhor Cidade do Mundo para se morar. Ficando atrás apenas de Sidney (Austrália), Zurique (Suíça), Singapura (Cidade Estado); Portland (EUA), Hong Kong (China), Nova Iorque (EUA) e Frankfurt (Alemanha) – do 1.º ao 7.º lugar, respectivamente.
Antes um pontinho quase invisível no mapa-múndi, agora Curitiba é enxergada de longe. E temos bons números para ficar prosas. Podemos nos gabar. O sonho preconizado pelo visionário anarquista italiano Giovanni Rossi está se realizando. No final do século 19, num delírio de arquiteto, o engenheiro anarquista escreveu:
“Curitiba, como qualquer outra cidade, é dividida em três diferentes bairros ou seções. A cidade velha, que está destinada a sumir e que, diante da grandiosidade dos novos edifícios, parece realmente misérrima; a cidade provisória, que se ergue sobre o velho alto de São Francisco e que tem elegantes e cômodas casas de madeira; a terceira seção compreende a cidade monumental que está se formando aos poucos ao sul da cidade velha. Trata-se de palácios de mármore maravilhosos, destinados a durar séculos, como Gênova, Veneza e Florença”.
Quem diria? O Bairro Novo, na região sul de Curitiba, ainda vai se transformar numa Florença do lado de baixo do Equador. Só faltou dizer que o bairro nobre da Ecoville vai cumprir seu ideal, ainda vai se transformar numa Brasília miniaturizada – com suas ruas e avenidas absolutamente desertas.
Exibidos, estamos. Porém, a boa notícia não chegou em boa hora.Com a crise muito além das barrancas do Rio Atuba, precisamos botar as barbas do profeta Giovanni Rossi de molho.Estamos sendo gerenciados por Dilma Rousseff, convém não esquecer. Curitiba pode abrir o champanhe para comemorar a posição alcançada. Mas vamos brindar com moderação. Por enquanto, só quem pode exibir o ego inflado são as capivaras. E as “queridinhas da prefs” não podiam deixar por menos, depois que viraram símbolo informal da cidade do prefeito Gustavo Fruet.