É do baralho

Jaguara, o Animador de Velórios dos Campos Gerais, nunca teve tanto trabalho como no início dessa semana. Contratado para motivar o time do Atlético, em apenas dois dias teve que animar dois velórios na Baixada. Primeiro foi o passamento do Madson, que na tatuagem no braço já dizia a que veio: “Eu sou F###!”. Com essa credencial, até hoje o Delegado Lopes não consegue entender como é que o porteiro deixou o baixinho invocado entrar no clube.

O segundo passamento foi do Paulo Rink, demitido da função de gerente de futebol porque no domingo passado, enquanto o time jogava suas últimas fichas contra o Avaí, o ex-jogador estava participando de um torneio de pôquer que se realizava em Florianópolis.

Segundo o Jaguara, Paulo Rink não deve ser tão craque no baralho quanto foi no ataque do Furacão. “Se ele fosse um ás no pôquer – analisa o Jaguara – não teria ajudado o Marcos Malucelli à bancarrota. O pôquer não é um jogo de azar”.

Dizem os entendidos que, nos jogos em que só a sorte conta, como Mega-Sena, é impossível perder de propósito. No pôquer dá. A chance de cair com uma trinca na mão, que todo iniciante espera em qualquer rodada, é mínima: uma em 46. Isso é mais difícil do que acertar um número numa roleta de cassino (uma chance em 37). Conseguir “royal straight flush”, então, é quase uma bênção divina. A possibilidade de cair com essa combinação imbatível de cartas altas do mesmo naipe é de uma em 650 mil. A de ser atingido por um raio, uma em 280 mil.

Pelo que o Animador de Velórios aprendeu no pano verde dos Campos Gerais, pôquer é também a capacidade de gerenciar riscos. É uma disputa baseada na psicologia humana.

Truco, bate na mesa o Jaguará: “Se como gerente de futebol o Paulo Rink não sabia as cartas que tinha na mão, já devia ter saído da mesa antes. Se não entende da psicologia dos jogadores, já vai tarde”.

Apesar dos pesares, o Jaguará está otimista. Tanto que hoje à noite pretende contar umas piadas novas no velório do Vasco da Gama.