É agora ou nunca!

?50 anos em 5!? – dizia Juscelino Kubitscheck. ?Aumentou a nossa responsabilidade!?, declarou ontem o presidente Lula na Suíça, só faltando acrescentar: ?100 anos em 7!?. Não temos mais desculpas. Ou o Brasil se torna uma potência de primeiro mundo em 2014, ou não se fala mais em futebol neste País.

Na Suíça, foi dado o pontapé inicial para a maior reforma de infra-estrutura que o Brasil tem a oportunidade de receber. Em Brasília, o pontapé que faltava para o terceiro mandato de Luiz Inácio da Silva. ?Afinal, quem começa uma obra tem que terminar!? – dirão os áulicos no centro do poder. ?E se o presidente começou a Copa do Mundo, que vá até o fim!? -hão de concordar os circunstantes.

Apesar de Lula descartar a possibilidade de um terceiro mandato, a senha para 2014 foi dada por ele mesmo na véspera da boa nova: ?Não precisa mexer em coisa que não é prioridade. A prioridade não é o terceiro mandato?.

Para bom entendedor, uma bola na área basta. A Copa do Mundo se tornou prioridade e esqueçam o que foi dito até ontem. Daqui para frente, tudo será muito diferente, a base aliada vai repetir o refrão: ?100 anos em 7! Nem mais nem menos, essa é a prioridade!?.

A política é uma caixinha de surpresas. No país do futebol, nunca antes neste País um presidente viu passar à sua frente um cavalo assim encilhado para 12 anos de mandato.

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Joseph Blatter bateu o martelo, Ricardo Teixeira beijou a mão, Paulo Coelho abençoou, Dunga ergueu a taça, Romário falou a Copa do Mundo é nossa, ficamos combinados quanto ao terceiro mandato e agora só nos resta escolher o presidente da Comissão Organizadora do Carnaval – digo, da Copa do Mundo. Por sete anos, o segundo mais importante posto da República.

Cargo suprapartidário mais relevante que a presidência do Congresso Nacional, melhor seria escolher o cartola-mor pelo voto da galera, aproveitando as eleições municipais do próximo ano. Não sendo possível, já visto que os negócios da Fifa exigem colégios eleitorais reduzidíssimos, de preferência urdidos em camarotes refrigerados, teremos nos próximos meses uma batalha sangrenta pelo cargo de primeiro-ministro da Copa. Dentro das bases governistas, o PMDB deve trocar tudo o que tem, e o que ainda não tem, pela indicação. O PT vai exigir, sem conseguir, um companheiro na bilheteria do Maracanã. O PTB vai reivindicar a presidência da comissão de árbitros das licitações de obras e o Partido Comunista, que está sempre na zona do agrião, vai se colocar à disposição para intermediar as negociações entre o público e o privado. Quanto aos tucanos, não devem ficar nem mesmo no banco de 2014. Aécio Neves, um ponta-de-lança ainda no juvenil, que se contente com uma possível convocação para a Copa de 2018.

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Candidato único, este país tropical não foge à própria natureza: ganhou a Copa sem concorrência, sem licitação. Na cerimônia da abertura, que pelo menos os aeroportos estejam em condições de jogo. Caso contrário, corremos o risco de ver a seleção canarinho ganhar todas as partidas por WO.

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No Paraná, não corremos nenhum risco de ficar fora da Copa do Mundo: se Mário Celso Petraglia não conseguir viabilizar a Arena da Baixada, a Copel entra na concorrência.