Dunga, Walter e Dilma

A que ponto chegamos. No final do século passado, a Era Dunga (foto) não foi um fenômeno restrito às páginas esportivas. Foi um ciclo de mediocridades que passou por todas as páginas da vida brasileira. O jogador símbolo do Dunga foi o atacante Afonso Alves. Convocado pela primeira vez para amistosos contra Turquia e Inglaterra, em 2007, depois disso foi abduzido e hoje joga num time de Marte.

Um dos ícones da Era Dunga foi “Macarena”, hino dos insuportáveis “Los del Rio” que estourou em 1996 e desde então é presença garantida em festas de formaturas, quando todos esticam os braços a delirar: “Macarena! Hey Macarena!”

Mudou o século, não mudou o país. Depois da Era Dunga, veio a Era Walter, o gordinho artilheiro, considerado pela imprensa esportiva como o melhor jogador do Campeonato Brasileiro: “Tem jogador que briga com as drogas e as bebidas. Minha briga é com os doces e refrigerantes”, teria declarado o atual ídolo do Clube Atlético Paranaense, resistindo ao assédio de grandes clubes do Brasil e do exterior. Descartando também a possibilidade de vir a ser chamado por Dilma Rousseff para liderar uma campanha contra a obesidade infantil, podemos imaginar o simpático Walter ao lado do Fenômeno Ronaldinho: “O Ministério da Saúde adverte: não se iluda, gordinhos são escalados para jogar no gol!”.

“Contenção de calorias” é o mote do governo do Paraná, aparentemente ainda integrado à Era Walter. Depois de se exercitar dando pedaladas nos fornecedores, cortar gorduras dos barnabés, fazer uma lipoaspiração com o dinheiro dos aposentados para dar mais fôlego no pagamento da folha salarial, a receita do todo poderoso secretário da Fazenda Mario Ricardo Costa é uma dieta rigorosa no Palácio Iguaçu, para o PSDB continuar no jogo.
Outro exemplo da Era Walter é o gorduroso ministério de Dilma Rousseff. Com 39 ministérios e uma base aliada paquidérmica, é por essas e outras que a presidenta é vaiada quando entra em campo.

Em suma, depois da Era Dunga e da Era Walter, estamos em plena Era Dilma, cujo lema é a frase do alemão Goethe: “Genialidade é esforço”. Na Era Walter o lema era adaptado de Millôr Fernandes: “Não devemos resistir às tentações de uma coca-cola; a sede pode não voltar!”. Na Era Dilma o lema é a meta: “Nós não vamos colocar uma meta. Vamos deixar uma meta aberta. Quando a gente atingir a meta, vamos dobrar a meta”.