Está nas mãos do reitor da Universidade Federal do Paraná, Zaki Akel Sobrinho, o pedido do desembargador Ney José de Freitas para conceder ao músico Waltel Branco o título de doutor “honoris causa” da UFPR. Agora atuando em Brasília como conselheiro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mas sempre celebrado com seu cavaquinho nas melhores rodas de choro, o ainda poeta e imortal da Academia Paranaense de Letras Ney Freitas enviou ao Digníssimo professor doutor Zaki Akel Sobrinho, Magnífico reitor da Universidade Federal do Paraná, o seguinte pedido (aqui resumido) em nome dos paranaenses:

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“Para nós, paranaenses, a Universidade Federal é motivo de orgulho e poucos gestos são tão profundamente acatados, entre nós, quanto o reconhecimento que essa instituição confere àqueles que identifica como luminares nas Ciências e nas Artes. A sociedade do Paraná confia na sua universidade e aplaude as justas distinções que confere aos que prestaram serviços relevantes e que honraram, mundo afora, o nome do Paraná.

Em nossa mais antiga cidade, Paranaguá, nasceu, em 1929, um menino que se tornaria paradigma do estudo e da dedicação à música, e que se faria doutor em sua arte. Esse menino, hoje com 82 anos, é reverenciado por artistas em todo o mundo, influenciou várias gerações, em muitos países, e inspira jovens compositores e instrumentistas que têm o privilégio de com ele conviver em Curitiba. Poucos seriam tão merecedores quanto esse parnanguara, Waltel Branco, do título de doutor honoris causa da UFPR. Convencido da justiça e da oportunidade desse gesto, tomo a liberdade de sugeri-lo. (…)

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Waltel começou a estudar violão ainda criança, em Curitiba, e nunca se contentou em ser virtuose; foi estudante dedicado durante sete décadas e conquistou a admiração unânime dos melhores músicos de seu tempo. Gravou mais de 20 discos e participou de mais de 1.000 outros, de artistas populares e eruditos, em diferentes países: de Elis Regina a Nathalie Cole, de João Gilberto a Mercedes Sosa, de Cazuza a Odair José, de Roberto Carlos a Dorival Caymmi, de Tim Maia a Tom Jobim. (…)

Parnanguara e universal, Waltel percorreu com sua arte a maior parte da Europa, a Índia, os Estados Unidos, Uruguai e Cuba, onde viveu por dois anos. Quando Fidel Castro decidiu iniciar um resgate da música cubana, foi a ele que chamaram. Foi um dos violinistas precursores da Bossa Nova. Atuou com Henry Mancini na elaboração das trilhas de vários filmes, inclusive a célebre e polêmica Pantera-Cor-de-Rosa, cujo arranjo original Waltel reivindica, e a partir de 1963 compôs, com Radamés Gnatalli, César Guerra Peixe e Guido de Moraes, o grupo responsável pela qualidade musical da Rede Globo. (…)

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Waltel é um doutor em música, que estudou, dominou e aperfeiçoou a técnica do violão, o instrumento musical mais querido do povo de nosso País. Reconhecer sua maestria é uma oportunidade rara de fazer justiça ao gênio brasileiro e à arte do Paraná. (Ney José de Freitas)

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Reitor Zaki Akel Sobrinho: na universidade o tempo urge. Aqui fora o tempo ruge!