Foi na manhã de domingo passado, 4 de maio, Dias das Mães em Barcelona. A igreja de Santa Anna, do século XIII e uma das quatro mais antigas de Barcelona, teve missa inteiramente catalã. Era esse o idioma em que o padre se pronunciava, seus acólitos, os fieis e até os integrantes da “Schola Cantorum de Barcelona – Grup de Cant Gregorià”.

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Ainda antes de a missa terminar, ouviram-se tambores. O som vinha do claustro, com poço antiquíssimo, laranjais e o sarcófago do capitão de esquadra Miguel de Boera, que deteve a invasão francesa do Roussillon em 1543, sob as ordens de Carlos V.

A porta principal da igreja em forma de cruz grega, que teria abrigado rituais templários clandestinos no século XIV, se abriu e lá estava, num andor de dia de festa, a Virgem de Guadalupe de Úbeda, com um resplendor sobre a cabeça e outro delineando o corpo inteiro. Veio em procissão até o lado do altar, sob calorosas palmas dos católicos presentes.

As fileiras centrais da frente do templo estavam reservadas para os membros da Confraria que organizaram a entrada triunfal do andor com a imagem da santa visitante, carregado só por mulheres com camisetas onde se lia “Virgen de las Lagrimas”. Outras mulheres, de negro da cabeça aos pés, com mantilhas presas aos pentes por adornos de strass, dividiram os lugares de honra com os confrades. E outras ainda, de roupas típicas multicoloridas, deram o tom da missa, desta vez rezada em espanhol. Tudo em homenagem ao dia de “mar”, que é mãe em catalão.

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