Dois dias eletrizantes

Enfim, passou!  Foi um fim de semana dos mais eletrizantes da história de Curitiba. Outro assim só na visita do papa João Paulo II, nos dias 5 e 6 de julho de 1980, quando a emoção tomou conta da cidade com a visita de João Paulo II. E, por coincidência, no sábado o encontro com Karol Wojty?a foi no Alto da Glória e, no domingo, o povo católico se uniu em oração no Centro Cívico.

Neste sábado, o Coritiba recebeu uma bênção retroativa e ganhou do Atlético com um milagroso gol do volante Helder de fora da área. Outro assim, só com orações do papa. No domingo, com fé cívica, os curitibanos foram às urnas para decidir o futuro imediato, próximo e distante – considerando a voracidade pelo perpétuo poder.

Entre uma coisa e outra, demoradamente passei os olhos num dicionário onde achei explicações para o que aconteceu neste eletrizante fim de Semana: “Dicionário de Epônimos e Topônimos da Língua Portuguesa”, do John Robert Schmitz – um linguista nascido nos Estados Unidos que, para sorte nossa, estabeleceu-se no Brasil e criou seus filhos como professor no Departamento de Linguística Aplicada da Universidade de Campinas.

Assim como qualquer um, também não sabia exatamente que bichos são esses que moram no dicionário. Topônimo não é nenhum bicho de sete cabeças. É o vocábulo que se origina de “topos”, de um lugar, de uma localidade, que estabelece um laço de identidade com uma nação, cidade, região, um bairro ou uma rua. Um dos exemplos é a palavra “serendipidade”: foi cunhada pelo historiador, romancista e político inglês Horace Walpole. Numa carta com data de 1754, Walpole relata que ficou impressionado com um conto de fadas que lera sobre as aventuras de “Os três príncipes de Serendip”, nome do antigo Ceilão, que estavam sempre fazendo descobertas, por acidente e sagacidade, de coisas que eles não estavam procurando. É uma descoberta ou acontecimento acidental. Ou seja, o gol da vitória do Coritiba de fora da área, no comecinho do segundo tempo, foi uma “serendipidade”. 

Epônimo, por sua vez, não é nenhum bicho em extinção. Do grego, o vocábulo epônimo empresta o nome de uma personalidade histórica ou lendária a alguma coisa. “Afrodisíaco” é um exemplo: derivado da personagem mitológica Afrodite, é algo que estimula o apetite sexual. O poder, diziam o desaparecido deputado Ulysses Guimarães, é um afrodisíaco.

Outro exemplo é o epônimo “entre Cila e Caríbidis”, derivado de dois monstros encontrados na Odisseia. Navegando pelo estreito de Messina, Ulisses (Odisseu), segundo a lenda, teve de fazer uma escolha entre dois perigos sem a possibilidade de fugir de um deles. Ou seja, nesta eleição nos encontramos entre Cila e Caríbidis, porque teremos de escolher entre Dilma e Aécio, sem que possamos fugir desta realidade. Para ilustrar bem a situação, “se correr o bicho pega, se fugir, o bicho come”.