Na próxima sexta-feira, das 17 às 21 horas, devo lançar o livro que venho burilando há dois anos: “Maria Batalhão – Memórias Póstumas de uma Cafetina”. Com o timbre da Editora Esplendor, a partir de uma sugestão do jornalista e editor Eduardo Sganzerla, o folheio das 298 páginas é um passeio pelas casas de tolerância de Curitiba nos últimos 100 anos, tendo como guia uma cafetina de boa memória.

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Em se tratando das memórias de alcova, um dos pontos mais sensíveis do relato foi transpor para a ficção várias histórias reais de mortes súbitas no transcurso de um orgasmo fatal. Nomes? Em respeito às famílias, melhor nem insinuar. Muitos desses escândalos ainda não cicatrizaram, como a paixão tardia do poderoso homem público que saiu das pernas uma estrela global para os braços de um funcionário de confiança do Instituto Médico Legal.

Não se sabe as causas (talvez seja uma característica dessa gente “contida” e “fria”, mas que, debaixo dos lençóis…, ah!, mudava totalmente de figura), o que se conta é que em Curitiba não são poucas as histórias de ilustres senhores a deixar o último suspiro entre os lençóis do bordel. Poderosos empresários e comerciantes, doutores da mais alta nomenclatura do poder judiciário, políticos acima de qualquer suspeita, secretários de estado e expoentes palacianos, desde que o Paraná era comarca de São Paulo os óbitos entre os lençóis provocaram muitas desgraças e murmúrios.

Num deles, acontecido na virada do século 19, o Comendador Galheta, de histórica família de Paranaguá, estrebuchou naquele momento certo, na casa errada. Chamada às pressas, a cafetina foi acudir a moçoila em pânico:

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– De repente o comendador ficou branco como um lírio!

– Chamem um carroceiro para largar o falecido na porta do cemitério.

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– Do cemitério? Não vai dar encrenca?

– Encrenca coisa nenhuma. Depois de amanhã o jornal vai dar na manchete: “Comendador Galheta morre na porta do cemitério”.

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