Para quem está procurando uma sossegada diversão para atravessar o Natal e Ano Novo, Walt Disney é a minha sugestão. Não uma passagem para Disneylândia, mas sim a biografia da mais importante figura da cultura americana, o visionário que deixou sua assinatura nos mais remotos recantos do planeta. Com 911 páginas, “Walt Disney – O triunfo da imaginação americana”, de Neal Gabler, foi escrito na medida para uma demorada leitura de verão.

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Num dos trechos da saga do menino sonhador que escapou da pobreza para se tornar o queridinho deHollywood (e o verdugo dos desenhistas e animadores), o agradável texto de Gabler nos revela que a Disney World podia ter sido construída em Brasília. Pelo menos não faltou oferta para tanto.

Na procura de terras para a construção de sua segunda Disneylândia – a primeira foi na Califórnia -, Walt concluiu que o novo parque precisaria de uma área do tamanho de sua imaginação. Ou seja, muito difícil de encontrar. Antes de se decidir pelos pântanos da Flórida, muito próxima do fim do mundo, muitas ofertas chegaram até ele. Uma delas veio de Brasília, da nova capital brasileira: “Walt está interessado e pode ir pessoalmente ao Brasil se a coisa toda parecer promissora”, disse um executivo da Disney aos colaboradores.

A proposta de Brasília não foi assim tão promissora. Mas poderia ter sido, caso Juscelino Kubitschek atendesse um dos sonhos Disney para a sua “cidade do amanhã”, o que conseguiu na Flórida: Walt não queria ficar sujeito aos caprichos dos eleitores ou burocratas locais. Assim, conseguiu aprovar na Flórida a criação de novos municípios em Orlando, para cobrar ele próprio os impostos, controlar o zoneamento, os códigos de construção e ainda a regulamentação de licenças próprias para o consumo de bebidas. Para tanto, Disney não queria residentes fixos naqueles municípios, para que ninguém tivesse direito a voto.

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Pena que a Disney World não veio para Brasília. Uma cidade sem eleitores, era tudo o que muita gente sonhava.