Discípulos da Petrobrás

“Fanático é alguém que não muda de ideia e não muda de assunto”, dizia Winston Churchill. E são tantos os fanáticos a não enxergar a lama negra na barra da saia da dona Dilma (em maior ou menor grau, envolvida nas falcatruas) que em boa hora poderia ser criada a Igreja Petroleira dos Últimos Dias. Ou, para o esconjuro dos nacionalistas, a Igreja dos Últimos Dias da Petrobrás.

Não é de hoje que em cada esquina se abre uma nova igreja onde o tempo é dinheiro. Conta um velho manuscrito beneditino que até o Demônio já abriu sua própria igreja, Conforme relatos do escritor Machado de Assis, cansado de viver das migalhas divinas o Diabo chegou à conclusão que o meio mais eficaz de combater as outras religiões, e destruí-las de vez, seria usar escritura contra escritura, breviário contra breviário, com suas próprias missas, com pão e vinho à farta.

Assim decidido, o Satanás bateu asas com tal estrondo que abalou todas as províncias do abismo. Ao cair na terra, imediatamente vestiu uma batina de beneditino e começou a espalhar uma doutrina nova e extraordinária, com uma voz que reboou nas entranhas do século. Ele prometia aos seus discípulos e fiéis as delícias da terra, todas as glórias, os deleites mais íntimos. Confessava que era o Diabo, mas confessava para retificar a noção que os homens tinham dele e desmentir as histórias que a seu respeito contam as velhas beatas.

Com sua boa nova aos homens de má vontade, o Diabo reuniu com seu espírito de negação muitos discípulos dispostos a reabilitar a soberba, a luxúria, preguiça e a riqueza da noite para dia. A avareza foi declarada como a mãe da economia, a ira a melhor defesa e a corrupção o caminho para a imortalidade. Quanto à inveja, o Diabo tornou-a virtude principal, que chegava a suprir todas as outras e o próprio talento.

Com tais doutrinas, a igreja do Coisa Ruim é um sucesso até hoje. Turbas correm atrás de Belzebu e diariamente criaturas acima de qualquer suspeita se revelam discípulos do Tinhoso. É o caso de Maria das Graças Foster, a presidente da Petrobrás que, por fanatismo próprio ou fanatismo, comandava a maior quadrilha organizada da história do Brasil. No fundo, no fundo, mas no fundo mesmo, sempre vai existir petróleo e deslavada corrupção.

Quando Deus permitiu que o Badanha fundasse sua própria igreja, fazendo da opinião uma mercadoria de troca e a venalidade um direito superior a todos os direitos, uma cláusula entre o bem e o mal teria que ser respeitada: para cada dez maldades praticadas, pelo menos uma bondade seria devolvida aos filhos de Deus.

Nesse ano a terminar, que para o Natal o Menino Jesus nos reserve pelo menos uma boa notícia para o próximo ano.