Quando o mundo parecia paralisado com o anúncio da saída de Fátima Bernardes do Jornal Nacional, duas imagens vão entrar para as retrospectivas do ano, aqueles tradicionais edições que ajudam os jornalistas a tirar uns dias de folga depois do Natal.

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A mais forte é a fotografia de Dilma Roussef com 22 anos, sendo interrogada na Auditoria Militar do Rio de janeiro, um retrato em branco preto do que foi aquela ditadura envergonhada: os oficiais da Justiça Militar, escondendo seus rostos com as mãos para não serem identificados pela posteridade, é a admissão tardia de que no futuro seriam reconhecidos com algozes de várias gerações. Entre elas a geração do Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, o craque de futebol que infelizmente nos deixou com o triste retrato de um homem derrotado pelo álcool.

Doutor Sócrates reconhecidamente morreu de cirrose, na madrugada de domingo. Entretanto, assim como tantos outros de sua geração, foi se aniquilando aos pouquinhos frente ao desalento. Entre eles Paulo Leminski, outro brasileiro que os anos de repressão deixaram mal no retrato. A presidente Dilma Roussef, apesar de tudo, foi abençoada por Deus e pelo menos ficou bem no retrato da Justiça Militar.

Sócrates escolheu a dedo o dia para tirar o time de campo, na última rodada da paixão. Com isso, parece nos dizer que ninguém merece morrer num domingo de futebol. Na derrota ou na vitória, a vida continua.

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