No regulamento de hospedagem da Pousada São Luiz do Purunã, de Casto José Pereira, diz o item 6: “Uma das primeiras atividades econômicas de São Luiz do Purunã foi o garimpo de diamantes. Se achar algum, por favor, divida-o conosco”. Luis Melo, consagrado ator e diretor de teatro, não achou um diamante. Do próprio bolso, criou um tesouro.

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Os proprietários das pousadas de São Luiz do Purunã reconhecem que ainda não acharam nem uma mina de diamantes em seus domínios, apesar de todo o esforço para levar os paranaenses às riquezas naturais daquelas coxilhas. No entanto, num ponto todos concordam: o futuro promete uma corrida ao “Campo das Artes”, mina de raros diamantes que o ator Luis Melo vem lapidando na borda do Segundo Planalto.

Com cinco alqueires, o complexo cultural tem como camarote principal um leque de concreto debruçado sobre o vale, fenda da serra que liga visualmente o Primeiro e o Segundo Planalto. No vértice desse leque, domina o conjunto um prédio multiuso de dois andares, pé direito alto, com revestimento (segunda parede) em madeira, reciclada das obras de concretagem, compondo geometrias onde a cor laranja se harmoniza com o azul e verde dos Campos Gerais. Dotado de completa infraestrutura (banheiros, cozinha, restaurante, camarins, depósito de cenários, móveis, objetos, iluminação), assistido por dois mezzaninos, o imenso cubo faz às vezes de teatro, oficina de ensaios, sala de conferência e o que mais a generosidade de Luis Melo agregar.

Junto à varanda de concreto debruçada na paisagem, outras cinco edificações menores completam a singular personalidade do conjunto arquitetônico realizado pelo arquiteto José Carlos Serroni, do Espaço Cenográfico de São Paulo (centro de estudos, pesquisa e experimentação no campo das áreas ligadas a cenografia, arquitetura teatral e outras linguagens correlatas).

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Na concepção de Melo e Serroni, o leque do Campo das Artes está aberto para um generoso espaço dedicado ao design de moda e figurinos, discoteca e filmoteca, suportes às oficinas de imagem e som, mais uma biblioteca real e virtual equipada com internet grátis, dirigida com ênfase às crianças nativas de São Luiz do Purunã.

Quem acompanha Luis Melo no “Campo das Artes” não deixa de perceber o ator interpretando Oscar Niemeyer ao apresentar Brasília à posteridade: no alto, à esquerda, a loja “Rural Contemporânea”, uma continuação do Bazar ACT de Curitiba; no centro, a bela residência para os diretores convidados (projeto do arquiteto André Largura e da designer Giovana Kimak), à direita o alojamento de atores e técnicos, erguido em torno de dois contêineres de obras da construção civil; de frente ao complexo, a casa central de produção do sonho realizado.

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Recentemente, um diamante do Rio Tamanduá foi vendido a um joalheiro de Curitiba. Prova de que em São Luiz do Purunã o sonho ainda não acabou. E o de Luis Melo começou.