Dia a dia do escritor

Depois de “1808”, o escritor Laurentino Gomes está alinhavando outro megassucesso: “1822”. Só que agora, com toda a experiência acumulada e ferramentas a tiracolo, enquanto escreve o paranaense atualiza seus milhares de leitores com a obra em processo pelo Twitter.

Nascido em Maringá (e não em Sabáudia, como sussurrava pelas costas o jornalista Hélio Teixeira), nos últimos dias Laurentino prestou contas de Portugal, onde pesquisa a Independência do Brasil. Particularmente estou feliz e curioso, pois da penúltima vez que encontramos o amigo e compadre (a última foi no lançamento de livros em Guarapuava) foi justamente na porta de entrada da Torre de Belém, em Lisboa. Estávamos passeando, Laurentino pesquisando “1808”. Passamos uma semana também consultando tascas e bacalhaus lisboetas.

Sedimentar uma obra de porte como esta que aguardamos para 2010 (agora pela Ediouro) e ao mesmo tempo relatar o passo a passo, requer sangue de repórter. Garra esta bem conhecida de Laurentino, desde o tempo de redação neste O Estado do Paraná.

Em alguns gorjeios, o dia a dia do escritor:

– Lisboa. Cinco dias de pesquisas na Biblioteca Nacional de Portugal. Ida ao Palácio de Queluz, para ver o quarto em que D. Pedro nasceu e morreu.

– Outono em Lisboa, temperatura agradável, muita gente nas ruas, bares e restaurantes lotados, véspera de eleições municipais.

– Mais um dia de pesquisas na Biblioteca Nacional de Portugal para o livro “1822”. Acervo impressionante.

– De volta à cidade do Porto, depois de quatro dias de pesquisas na Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa. Sol, céu azul, muitos turistas.

– Visitei ontem no Palácio de Queluz, perto de Lisboa, o quarto D. Quixote, em que o nosso D Pedro I nasceu em 1798 e morreu em 1834.

– Aqui na cidade do Porto vou filmar e fotografar os locais em que D. Pedro resistiu ao cerco das tropas do irmão, D. Miguel, entre 1832 e 1834.

– Estou num hotel na ribeira do Douro. Bem aqui em frente as tropas miguelistas explodiram 37 mil barricas de vinho do Porto ao fim da guerra.

– Foi uma tragédia nacional. A quantidade de vinho que escorreu para o Douro era tão grande que tingiu o rio de vermelho durante vários dias.

– Felizmente, hoje os armazéns de Vila Nova de Gaia estão repletos novamente do melhor vinho do Porto. Vinho é alegria. Não combina com guerra.

– Antes de desembarcar no Porto, em 1832, D. Pedro namorou uma freira, Ana Augusta. Ela tocava o sino no Convento da Esperança nos Açores.

– Dia de eleições municipais em Portugal. Dia espetacular, de céu azul, sol, alguns retalhos de nuvens brancas, 22 graus de temperatura.

– Visitei hoje a praia de Arnosa de Pampelido, local do desembarque do exército de D. Pedro em 1832 na guerra contra o irmão D. Miguel.

– Pausa na pesquisa para ver Diana Krall cantando Tom Jobim no Palácio de Cristal do Porto.

– Passei o dia no arquivo da Cidade do Porto, na Casa do Infante, ribeira do Douro, onde supostamente teria nascido Henrique, o Navegador.

– Também visitei o belo Palácio da Bolsa do Porto, construído em 1834 sobre as ruÍnas do convento franciscano incendiado durante o cerco da cidade.

– Último dia de pesquisas em Portugal. Amanhã feira do livro de Frankfurt. Viajo feliz. Avancei bastante, descobri preciosidades sobre D. Pedro.

– Foram duas semanas de viagens pelas cidades em que D. Pedro viveu, guerreou e morreu após abdicar ao trono brasileiro em 1831.

– Nas bibliotecas de Lisboa e do Porto encontrei informações novas sobre as Cortes Constituintes e o processo de Independência do Brasil.

– Adorei visitar os locais dos acontecimentos de 200 anos atrás. É a diferença entre um livro reportagem e uma obra convencional de História.

– Próximas etapas da viagem: Feira do Livro de Frankfurt, até sábado. Depois Paris, até terça. Quarta-feira, de volta a Itu, cidade onde moro.

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Boa viagem: http://twitter.com/ laurentinogomes