Debate do Poste

O debate entre os candidatos à presidência da República terminou com um vencedor de bom porte: um Poste no interior de Minas Gerais. Em se tratando de política, Poste pede letra maiúscula: é público e notório que os partidos escolhem Postes para concorrer a cargos públicos. Para quem dormiu no primeiro bloco, o debate começou com uma pergunta feita ao candidato Aécio Neves sobre um Poste plantado no meio de um aeroporto fantasma no município de Cláudio.

A questão decolou em boa hora, pois serviu para mostrar que os candidatos não falam a mesma língua nesta babel da administração pública. A questão serviu, enfim, para a militância polemizar no Facebook: afinal, os Postes públicos de Minas Gerais serão privatizados?

“No meio da pista tinha um poste, tinha um poste no meio da pista, tinha um poste, no meio da pista tinha um poste” – declamou o candidato Aécio Neves, em homenagem ao conterrâneo poeta Carlos Drummond de Andrade, para concluir que se aquele Poste fosse obra de seu governo, ele o nomearia secretário de governo. Caso fosse filiado ao PSDB, o Poste teria sido o candidato dos seus sonhos para governador de Minas. E não o derrotado, que tem um grande defeito: fala!

Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, dizia que televisão é uma máquina de fazer doido. Doidos e trouxas. O autor do “Samba do Crioulo Doido” conta, em um dos seus livros, que certa feita ele e o cronista Antônio Maria foram contratados para escrever textos e roteiros para a TV Rio. Faziam um programa horrível, mas era exatamente aquela coisa que o diretor artístico da emissora exigia. O programa era tão ruim, mas tão ruim, que a TV mantinha outro redator só para piorar o que Sérgio Porto e Antônio Maria escreviam. Um dia Antônio Maria se aborreceu, entrou pela sala do diretor com cara de mau, atirou o escrito para o programa seguinte em cima de sua mesa e disse:

– Está aqui minha parte do programa. Eu sinto muito, mas pior do que isso eu não sei fazer!

Depois de se despedir da torcida organizada, Dilma Roussef voltou ao Palácio da Alvorada para comemorar com assessores, correligionários e empreiteiros. Depois de beijos, abraços e tapinhas nas costas, a “presidenta” não se fez de modesta e conseguiu, no terceiro brinde, articular alguma coisa de bom tamanho, com começo meio e fim:

– Obrigado pelos elogios. Pior do que aquilo eu não conseguiria fazer!

De fato, a candidata do Lula até que não se saiu tão mal. Os analistas políticos, que não compreenderam bem seu desempenho nos debates anteriores, ainda vão ficar surpreendidos com sua votação.

Certamente não vai acontecer com Dilma, muito menos com Aécio, aquele episódio ocorrido com um poderoso candidato a deputado aqui no Paraná. Quando apuradas as urnas, o bacana recebeu um telegrama do cabo-eleitoral:

– Fomos traídos. Zero votos!