Palmas para o vereador Jonny Stica. E palmas também para os demais vereadores de Curitiba que porventura aderirem ao coro dos inconformados com a situação da Pedreira Paulo Leminski, fechada em nome de 134 (cento-e-trinta-e-quatro!) intolerantes com a celebração da vida.

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“A pedreira é nossa!”, este é o mote da campanha liderada pelo jovem arquiteto Stica (PT), com o apoio do presidente da Fundação Cultural de Curitiba, Paulino Viapiana, de empresários do ramo, comerciantes do bairro do Abranches e muito mais de 134 curitibanos de boa vontade.

O movimento pela alforria da Pedreira Paulo Leminski já ganhou palanque eletrônico (www.apedreiraenossa.com.br) e um manifesto que precisa ser repetido à exaustão, especialmente ao Ministério Público.

Diz um trecho da exposição de motivos: “O curitibano está separado do espaço musical mais democrático da cidade, com os produtores impedidos de realizar shows no local criado pelo poder público para esse único fim. E o momento não poderia ter sido pior. Desde o final de 2007, quando a Justiça acolheu um pedido de liminar interposto pelo Ministério Público do Paraná em nome de 134 descontentes e fechou a Pedreira, dezenas de atrações deixaram de passar por Curitiba. À época do fechamento, a cidade ostentava a terceira posição no Brasil como destino de shows internacionais, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro. Com o impedimento legal, Curitiba só viu artistas sobrevoando a cidade em direção a Florianópolis ou Porto Alegre. Pior: os empresários locais acabaram enfrentando um efeito dominó que dificultou também a vinda de shows menores, já que a cidade perdeu credibilidade perante os produtores nacionais. E não é só na esfera musical que a cidade perde. Com a diminuição dos eventos, os setores ligados ao turismo, como o hoteleiro e gastronômico, também amargaram suas perdas”.

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E qual a validade do questionamento judicial para o fechamento? A Pedreira pergunta e responde: “Com uma regulamentação de horários, número de público e quantidade de eventos, certamente se pode chegar a uma razoabilidade que não prejudique quem mora no entorno da Pedreira e que garanta segurança e sossego. Não fosse assim, deveria o Ministério Público fechar os estádios de futebol ou qualquer evento que concentrasse mais de 5 mil pessoas”.

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No sítio “apedreiraenossa” assine o manifesto contra a lei dos cemitérios. No que me compete, já assinei um livro pela causa (Curitiba: melhores defeitos, piores qualidades), onde no capítulo referente à Ópera de Arame escrevi o seguinte:

“Curitiba é pedreira! Se fosse realizada neste início de século, a revolução urbana de Curitiba iniciada em 1971 não sairia do papel. Obras fundamentais, como o Sistema Trinário, a Rua das Flores e o Parque Barigui seriam embargadas, contestadas e ainda estariam penduradas para exposição no Ippuc. (…). Em plena ditadura, num ambiente político onde as liberdades de opinião eram sufocadas, os automóveis da Rua XV de Novembro cederam espaço aos pedestres. Trinta e seis anos depois, com a democracia restaurada e o lobby político atuante, será que os comerciantes e alguns outros contrários conseguiriam embargar o projeto da Rua das Flores? É bem provável, podemos julgar pelo movimento já ensaiado para fazer retornar o automóvel àquela rua exclusiva de pedestres. E ainda, se possível, erguer um viaduto sobre a Praça Osório para facilitar a mobilidade urbana em direção ao shopping. Para desapropriar a área em torno do Parque Barigui, a prefeitura precisou mobilizar tantos advogados quanto o número de operários que trabalharam na preservação daquele fundo de vale. Se fosse hoje, até o jacaré do Barigui estaria sob a guarda da Justiça, como testemunha convocada da Comissão Parlamentar de Inquérito, a CPI do Lago.

A interdição da Pedreira Paulo Leminski sustenta esse argumento”.