Curitiba 24 Horas

Atualmente, podemos dizer que a fotógrafa Lina Faria é a retratista de Curitiba. Só não é fotógrafa oficial da cidade porque não ganha para tanto – olha a nossa paisagem urbana com graça e de graça. Lembrei dela ao saber da Maratona Fotográfica de Lisboa (24 Horas de Lisboa), evento com a cara de Lina Faria.

Li sobre a Maratona Fotográfica de Lisboa na coluna semanal do jornalista Daniel Escobar no Blog do Noblat. Atualmente morando em Lisboa, Escobar conta que a maratona de 24 horas “é uma ótima oportunidade de conhecer mais a cidade, fazer contatos e encarar os desafios propostos pela organização”, ao longo de um percurso pré-determinado onde são apresentados temas que os participantes devem transformar em fotografias. Premiado na maratona, o jornalista brasileiro conta que “mesmo para quem gosta muito de fotografar esta é uma experiência para lá de extenuante. Mas compensadora”: foram 24 horas “non-stop”, pois a cada três horas é necessário ir até um posto de checagem para bater o ponto, recolher uma nova tarefa e saber o próximo local de encontro.

O roteiro lisboeta foi esse, nas palavras de Escobar: “A maratona começou de manhã em um dos lugares de compras mais estilosos de Lisboa, o Chiado. (…) À tarde fotografei as ruas largas e retas da baixa pombalina, com seus prédios simétricos e imponentes, renascidos após a tragédia do terremoto que devastou Lisboa em 1755. (…) Na madrugada estava a fotografar a agitação noturna do Bairro Alto quando dei-me conta do quanto é bom poder participar de algo deste gênero sem a paranóia de ser assaltado. Uma centena de pessoas andando de noite com seus equipamentos fotográficos (alguns muito caros por sinal) e nenhum incidente. (…) A maratona fotográfica terminou na Alfama, um dos bairros mais antigos de Lisboa, conhecido pelas tascas tradicionais e pelas apresentações de fado”.

Lina Faria deve conhecer o evento, presumo. Mas, para quem não sabe, o regulamento diz que a Maratona Fotográfica de Lisboa “tem como principal objectivo promover o convívio entre entusiastas da fotografia, sejam eles profissionais, estudiosos ou simplesmente apaixonados pela fotografia. Nela podem participar todos os interessados com mais de 18 anos de idade. A Maratona terá a duração de 24 horas. Durante esse período haverá 7 pontos de encontro para contagem do número de participantes. Em cada paragem será entregue um tema a ser explorado fotograficamente e o local do próximo ponto de encontro”.

Aos três primeiros classificados, os prêmios foram supimpas: 1.º prêmio Sony DSLR A900 + objectiva Sony 50mm f/1.4 (valor 3.428 euros). 2.º prêmio Sony DSLR A300 + objectiva Sony 18-70mm (valor 480 euros). 3.º prêmio Sony DSC H10S (valor 265 euros).

Num tempo onde as pessoas dormem com uma câmera digital embaixo do travesseiro, 24 horas a bisbilhotar o mundo, patrocinadores não devem faltar para a realização em Curitiba de um encontro igual. Em Lisboa, a maratona tem a chancela da Fnac. Um retrato e um livro, tudo a ver. Aqui, temos as Livrarias Curitiba, que sairiam ganhando até no nome: “Curitiba 24 Horas”.

Concursos fotográficos já tivemos muitos. Porém, com essa configuração (durante 24 horas) imagino que não. Mesmo com o regulamento adaptado, a largada da nossa maratona só poderia acontecer no Parque Barigui, numa manhã de névoa e frio de outono ou inverno, como estamos vendo nestes últimos dias. Em seguida, os outros seis pontos de encontro seriam mais ou menos estes: Santa Felicidade, Bairro Novo, Rua das Flores, Rua Riachuelo, Passeio Público e, para terminar em festa, o agito noturno do Setor Histórico (incluídas aqui imagens do Bar do Alemão e cenas do tráfico na Saldanha Marinho).

O roteiro da Maratona Fotográfica de Curitiba teria que passar, antes de tudo, pelo parecer de Lina Faria, a vigilante de Curitiba 24 horas com a câmera na mão e afeto no olhar. (http://naftalina55.blogspot.com)