Jaguara, o Animador de Velórios dos Campos Gerais, nos telefona entusiasmado:

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– Você tem alguns conhecidos no Senado?

– Tenho, por quê?

– Porque se os aloprados de Brasília não quiserem abrir o bico, deixa que eu mando outros!

– Como assim, mandar outros?

– É que agora estamos criando aloprados para dar e vender. Melhor dizendo, são vários os criames de aloprados aqui nos Campos Gerais!

– Criames de aloprados?

– Justamente. Depois do sucesso dos criames de gambás domésticos, agora temos aloprados para dar com o pau.

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Com a Lei Seca no trânsito, é bom lembrar, a natureza e o bafômetro operaram milagres. Um deles foi a criação de gambás domésticos nos Campos Gerais. Selvagens e ruidosos, nativos dos bares e restaurantes, esses marsupiais da família dos didelfídeos mudaram seus hábitos, adaptando-se ao ambiente doméstico. É o equilíbrio ecológico: se a espécie perde seu habitat natural, sua própria natureza provoca outras acomodações.

Os hábitos dos marsupiais são noturnos; por isso, quando começa a escurecer, o gambá sai de seu abrigo para caçar nos bares. Sendo um animal onívoro, se alimenta praticamente de tudo o que encontra num balcão de boteco. Antes encontrados em espaços abertos, o convívio com a família em recinto fechado tem lá as suas dificuldades. Não são raras exceções, muitos dos gambás domésticos não conseguiram suportar a solidão da churrasqueira no fundo do quintal.

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Conforme o Animador dos Campos Gerais, o criame de aloprados aconteceu por acidente genético. Os produtores de gambás domésticos estavam pesquisando a criação de um animal híbrido, o cruzamento do gambá de boteco com o gambá doméstico, quando nasceram os primeiros aloprados de laboratório.

– Impressionante – afirma o Jaguara – se reproduzem mais que coelhos! A única diferença é que a cunicultura trata da criação de coelhos. Já a criação de aloprados chama-se petecultura.

– Os aloprados nascem parecidos com coelhos?

– Não. É uma cruza de bagrinho com raposa felpuda.

– Não deu para entender…

– Seguinte. Aloprado é um bicho esquisito por natureza: o bagrinho não mexe uma palha se não receber ordens, mas em compensação pensa que é uma raposa felpuda.

– E vai dar para ganhar dinheiro com eles?

– Muito dinheiro! Lembra do Mensalão? Foi uma dinheirama nas cuecas dos aloprados. Naquele leva e traz, sendo bem tratado o aloprado rende mais que um cargo no Ministério dos Transportes.

– E quanto aos custos da criação: o que comem os aloprados? Milho, soja, capim…

– Comem qualquer coisa. Desde que seja de mão beijada!

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