Costelão do Paixão

Dando por encerrados os festejos em homenagem ao chargista Ademir Paixão, novo Cidadão Honorário de Curitiba, o cartunista Tiago Recchia – progenitor de Los 3 Inimigos – vai comandar na manhã deste sábado uma costela de fogo de chão em São Luiz do Purunã.

Além de reunir serra acima uma expressiva comitiva de serra abaixo, o cartunista Tiago terá a responsabilidade de ser assessorado pelo mestre assador Fábio Garret, filho do lendário Dinarte Garret dos Campos Gerais. Em torno do braseiro, digamos que seria o mesmo que fazer uma tabelinha com Neymar e Pelé no ataque do Santos. De pai pra filho desde o primeiro Rodeio Crioulo de São Luiz do Purunã, do qual Dinarte Garret foi precursor, a maestria no preparo de uma costela de fogo no chão faz com que até os gaúchos tirem o chapéu para Fábio Garret.

Por ser um desenhista mais tarimbado nas lidas do lápis e não tanto do espeto, digamos que Tiago Recchia não tem tamanha tradição campeira, mas digamos que não lhe falte categoria no manejo de uma “janela” bovina de 10 a 15 quilos, o ideal de uma costela de fogo de chão. Há várias formas de assar uma costela, ensina Tiago. Uma delas é enrolar no papel alumínio e encostar a bicha na brasa. Porém a experiência ensina que a costela ficará mais saborosa e de melhor consistência depois de cinco a seis horas proseando com os amigos, dando umas talagadas na “cana” e na cervejinha gelada ao gosto.

Fogo no chão de categoria também requer alvorada festiva e paciência, muito faro na escolha do boi certo para a lenha certa. Tiago Recchia aprendeu por conta própria, por exemplo, que o melhor a ser feito é escolher o boi ainda no pasto. Sentir no olhar do bicho se ele vai concordar de bom grado com a ida ao fogo, ou então observar pelo abanar do rabo alguma satisfação. Outro segredo do assado está no trato carinhoso com a brasa, adverte o cartunista: “Podemos estragar uma carne de primeira com um fogo de segunda. Escolha a madeira, de preferência com bom cerne, e somente após a lenha acesa coloque a costela, pois assim evita que a fumaça do início do fogo pegue na carne. Mantenha uma distância média de 80 cm e, com uma enxada, controle o calor mais próximo da costela, ou mais longe, mas a média é 80 cm”, certifica Tiago.

Como diziam os tropeiros à beira do fogo das invernadas dos Campos Gerais, Tiago Recchia “está mais tranquilo que água de poço”, mesmo com a responsabilidade de assar o Costelão do Paixão com o mestre Fábio Garret ao lado.