Com Nelson Jobim, que morreu pela boca, a taxa de mortalidade dos ministros da doutora Dilma subiu para 12,5% em apenas oito meses, conforme nos informa o jornalista Elio Gaspari. Brasileiros do andar de baixo (para usar o consagrado bordão do mesmo Gaspari) não conseguem entender alguns mistérios do andar de cima: seguidamente os senhores de colarinho são condenados à forca, mas nunca são enforcados.

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Tanto em Brasília quanto no Paraná, onde o enforcamento do vereador Derosso vem sendo adiado há dias, existem homens que nunca conseguiram enforcar. Casos parecidos com uma história fantástica ocorrida em fevereiro de 1885, na Inglaterra, quando o condenado John Lee foi levado à forca, mas nunca conseguiu ser enforcado.

Lee era um agricultor que matara a esposa idosa, na esperança de se apoderar da propriedade onde viviam. Subiram com o condenado ao patíbulo, puseram-no de pé sobra a tampa do alçapão e passaram o laço sobre o pescoço. Tudo pronto, a autoridade deu o sinal, o carrasco acionou a alavanca, o trinco correu mas a tampa de sustentação não caiu. O condenado continuou em pé, com a corda no pescoço.

Como explicar aquilo? O condenado deveria estar pendurado, esperneando e com a língua de fora. Devolveram o condenado à cela e os funcionários examinaram o caso em profundidade. De cada vez que acionavam o ferrolho sem a presença do condenado, a tampa caía. Um guarda ficou em pé na tampa segurando a corda. Correram o ferrolho, a tampa caiu, ficando o funcionário pendurado, agarrando-se à corda.

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John Lee foi levado de volta ao patíbulo várias vezes. E toda vez que botavam a corda em seu pescoço, o mistério se repetia: a alavanca era acionada, o ferrolho corria, o trinco abra-se – mas o alçapão não caía.

Houve debates, confabulações, choveram palpites e, mesmo com o mecanismo funcionando perfeitamente sem a presença do condenado, John Lee foi novamente para o patíbulo. A tampa teimou em não abrir, o diretor da prisão só fazia sacudir a cabeça inconformado e o ministro do Interior mandou adiar a execução.

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O assunto foi debatido na Câmara dos Comuns, a Justiça se rendeu ao mistério e o enforcamento não foi mais tentado. A sentença de John Lee foi comutada para prisão perpétua. Vinte e dois anos depois, em dezembro de 1907, quando ele foi solto, os jornais relembraram o caso que foi parar no livro “Wild Talents”, de Charles Fort.

É por esses e outros mistérios que a pena de morte não se encaixaria no Brasil. Se não for a tampa que nunca vai abrir, alguém irá roubar o cordame, vão desviar a verba para construir o patíbulo e, no pau da goiaba, só os ladrões de galinha vão morrer com a corda no pescoço.