continua após a publicidade

(O trem tá atrasado ou já passou)

Na Copa de 50 tudo foi bem diferente. Vexame internacional e carraspana pública para a conclusão da Arena, obras de mobilidade urbana atrasadas ou descartadas, tudo somado a um caríssimo serviço de lataria e pintura mostra porque depois do Plano Agache, agora temos o Plano Blatter.

O cacique Tindiquera foi quem indicou o local para erguer esta Vila Nossa Senhora da Luz dos Pinhais. Em seguida, quase todos os caciques que projetaram Curitiba vieram da Europa. Franceses, principalmente. Um dos mais importantes foi o arquiteto francês Alfred Agache. Sessenta e nove anos depois, se for para levar à risca o caderninho da Fifa, ainda veremos um indicado de Jérôme Walcke dando as cartas no Ippuc.

Acreditem, o Plano Agache não feito para a Copa do Mundo de 1950, quando Curitiba recebeu na “Arena Capanema” duas partidas de segunda divisão: Espanha 3 x 1 EUA (15 mil pessoas); Suécia 2 x 2 Paraguai (10 mil pessoas). De 1949 a 1951o prefeito de Curitiba foi Lineu Ferreira do Amaral. Além dos recursos naturais, pouco foi investido para trazer a Copa de 1950 para a cidade. Assim como no “Samba do crioulo doido”, dizem  que os comissários da Fifa, quando apareceram na cidade com o caderno (mimeografado) de encargos, foram recebidos pelos assessores da prefeitura na boate Boneca do Iguaçu. Dormiram na boate Quatro Bicos e de lá voltaram para o Rio de Janeiro encantados com a infraestrutura feminina da Maria Japonesa, especialmente com o primeiro quarto espelhado de Curitiba. A Vila Capanema foi escolhida porque foi o único estádio vistoriado pelo lado de fora, na madrugada, no trajeto entre a Casa da Otília e a Zona do Parolin.

continua após a publicidade

Como subsede do Mundial de 1950, Curitiba ofereceu aos visitantes uma acolhida cordial e barata. Em termos de investimentos, o prefeito Lineu do Amaral só precisou passar a patrola no caminho do aeroporto e fazer uma boa limpeza no chafariz da Praça Osório. De resto, Curitiba recepcionou o grande evento esportivo com o que tinha de bom e do melhor: a Suécia só empatou com o Paraguai porque o time virou a noite anterior na Boate Marrocos, do Paulo Wendt. Os paraguaios, por sua vez, ficaram concentrados na boate Moulin Rouge e foram dormir muito bem acompanhados de belas argentinas. Os americanos levaram uma lavada dos espanhóis, mas também saíram daqui bem satisfeitos, como se estivessem em Las Vegas: foram para o Cassino Ahu e voltaram mais ricos do que chegaram.

Sorte no jogo e azar no amor. Convidados para um baile organizado pelo Clube Espanhol, os garanhões do Generalíssimo Franco só não entraram com bola e tudo porque receberam cerrada marcação homem a homem da colônia espanhola de Curitiba.

continua após a publicidade