Depois do asteroide que caiu na região dos Montes Urais, na Rússia, uma ficha também caiu na cabeça dos cientistas: alguma coisa precisa ser feita para nos proteger dos meteoros e outras bolas de fogo, pois o tempo para calcular a trajetória e seu impacto com a terra pode ser insuficiente. A possibilidade de interceptar qualquer objeto é bem distante daquelas propostas pelos filmes de Hollywood, porque os cientistas requerem anos, ou décadas, para desviar um asteroide de sua rota. No momento, todos os meios conhecidos não podem fazer outra coisa além de recolher mortos e feridos. O único meio para reduzir os danos é saber com muita antecedência o ponto de impacto e evacuar uma grande região do planeta.

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Caso o céu não nos proteja, só nos resta imaginar que num futuro próximo os cientistas vão controlar e dirigir a rota dos corpos celestes, como se fossem mísseis teleguiados. Brinquedos de controle remoto, digamos. Para os estrategistas da desgraça alheia, seria um bom negócio calcular quais os pontos do planeta que o asteroide poderia atingir, pelo menos para tirar algumas vantagens. Afinal, as grandes tragédias da humanidade sempre proporcionaram bons lucros para alguns poucos.

Conforme os interesses geopolíticos, as regiões do planeta devastadas poderiam ser aquelas mesmas que a rapinagem vem tentando aniquilar por outros meios: os madeireiros torceriam para que o meteorito causasse uma total queimada na floresta amazônica, poupando assim tempo e dinheiro; as indústrias do ocidente que ainda exploram muita mão de obra veriam com bons olhos um buraco do tamanho da China, na própria China; Maduro, o herdeiro de Hugo Chávez,estaria nesse momento negociando com o diabo para um meteorito de bom tamanho cair sobre a Casa Branca; e no Leste Europeu os ucranianos rezam para que um asteroide acerte a cocuruto do Putin.

Quanto ao Brasil, nada nos assusta nesse berço esplêndido. Sempre arranjamos um jeitinho pra tudo. Ou tiramos o corpo fora, como fez um antigo companheiro de jornal que não estava nem aí se o mundo acabasse. Era editor das páginas policiais. Um tipo silencioso, o que era raro numa redação. Entrava quieto, fazia o básico e saía quietinho.

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Certo dia o editor-chefe entrou na redação gritando:

– Parem as máquinas! O mundo vai acabar!

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O editor de Polícia, avesso ao batente, apanhou seus pertences e tirou o corpo fora:

– Isso não é comigo! Fim do mundo é pauta da editoria Internacional!

A mesma estratégia está prestes a ser usada, caso a rota e o local de impacto do meteoro da Petrobrás venha a ameaçar Brasília. Deputados, senadores, ministros e demais alvos (por enquanto inomináveis) do juiz Sérgio Moro já estão tratando de tirar o corpo fora.

– Isso não é comigo. O apocalipse é mais embaixo!