Cara de um, focinho do outro, não tem expressão das antigas para melhor comparar o Carnaval curitibano com a atual eleição para prefeito. Não fede nem cheira, diz o dito popular para a calmaria que estamos vendo nas ruas. Eleição para prefeito ou Rei Momo, em Curitiba nada mais parecido.

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Para usar frases das antigas, meia dúzia de gatos pingados são os cabos eleitorais que encontramos com bandeiras nas mãos. Adesivos nos carros, o termômetro desta cidade classe média, circulam alguns poucos e assim mesmo parecem envergonhados. Lá onde Judas perdeu as botas, as carreatas só não lembram cortejos fúnebres porque os cachorros da vizinhança, além de latir, estão encarregados de soltar foguetes. Quanto ao eleitor, parece que o gato comeu a língua. Uma parte dos votantes está com a pulga atrás da orelha, outra parte está disposta a mandar os postulantes pentear macacos.

Ou o povo está fazendo vista grossa, ou os candidatos estão fazendo campanha à sombra da bananeira. Vamos botar as cartas na mesa: o candidato Carlos Moreira, que a cada pesquisa recebe um balde de água fria, na televisão parece um chato de galochas. Promete mundos e fundos e está à cata de eleitores como se procurasse agulha no palheiro. Quem viver, verá: os nepotes do Requião vão segurar a alça do caixão.

No quesito alegoria e adereços, podemos afirmar que qualquer uma das nossas escolas de samba faria mais bonito do que os Acadêmicos da Gleisi Hoffmann. A esperança é a última que morre, analisam assim os estrategistas da bela que está uma fera com o índice de rejeição, que é a sua pedra no sapato. A única alternativa da Gleisi, dizem os analistas políticos, é armar-se até os dentes, arregaçar as mangas, botar os pontos nos is e, aos trancos e barrancos, correr atrás do prejuízo. Assim como no futebol, a política é uma caixinha de surpresas e só está morto quem não peleia. Apesar da militância do PT estar com a bola murcha, bola pra frente “dona Greise” que atrás vem gente.

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Mudando de saco pra mala, o Fábio Camargo é um candidato com grandes possibilidades de dar milho pra bicicleta. Pena que os seus marqueteiros ainda não o ensinaram a plantar bananeira e pedir votos com uma melancia no pescoço. Como se diz lá em Portugal, com tantos macacos no sótão esse gajo ainda é capaz de aprontar muito rebebéu.

O comunista Ricardo Gomyde pode até ficar a ver navios, mas deve sair desta eleição com uma fatiota pronta de deputado federal. Parece estar ensacando fumaça, mas se não pirar na batatinha e não pisar no tomate esse menino vai longe.

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Beto Richa está com a faca e o queijo na mão. Se daqui pra frente não aparecerem coisas do arco da velha, já pode comemorar com a água que o passarinho não bebe. O perigo é o atual prefeito arrumar sarna para se coçar, andar nas nuvens, pensar na morte da bezerra, marcar touca, trocar os pés pelas mãos, dar uma de João sem braço, pôr minhoca na cabeça, levar chumbo do grosso, perder as estribeiras e, na hora da onça beber água, dar com o nariz na porta.

Voltando à vaca fria, essa campanha eleitoral está com a cara do Carnaval curitibano. Já não se fazem mais festas democráticas como antigamente e nem mesmo os cronistas, como dantes, sabem encher lingüiça com frases feitas das antigas.