Com o futuro embaixo do braço

Um dos ícones mais visíveis de Curitiba, no fim da década de 1970, era carregado embaixo do braço. As mocinhas da cidade e os mocinhos do interior faziam dele uma carteira de identidade, um código de relacionamento, o signo de uma tribo. A tribo dos estudantes do Curso Positivo, cuja marca era a mão de polegar erguido estampada na pasta. Virou um ícone na paisagem urbana de Curitiba.

Segundo o dicionário Aurélio, ícone é a imagem, coisa, fato, pessoa, etc., que evoca fortemente certas qualidades ou características de algo, ou que é muito representativo dele. A marca do Curso Positivo era uma marca que andava pelas ruas de Curitiba. Estampada na pasta que os estudantes carregavam embaixo do braço, evocava a transformação urbana daqueles anos. O polegar erguido representava a concordância de que a cidade nunca mais seria a mesma. E, positivo, aqueles pouco menos de um milhão de habitantes nunca mais seriam os mesmos.

Quem não se recorda? Na Rua das Flores, novinha em folha, as meninas iam e vinham sobraçando a marca. Quem não sabia? Nas ruas de “rendez-vous”, outras meninas (assim não tão novinhas em folha) botavam a pastinha embaixo do braçoe saíam por aí, como se a marca do Positivo fosse um atestado de boa conduta. Quem não desconfiava? Para os meninos, a pasta do Positivo era um alvará de soltura; um álibi perfeito para o futuro universitário acima de qualquer suspeita.

O que poucos recordam, o que poucos sabem é o nome do autor daquele ícone urbano. A mão de grande polegar é obra de Luiz Carlos Rettamozzo, um dos mais celebrados artistas plásticos do Paraná.

Gaúcho espaçoso, não há espaço criativo onde o multimídia não tenha se abancado. Em 1973, o diretor de arte Rettamozzo estava pintando, compondo e bordando numa agência de propaganda chamada Lema, na Marechal Deodoro, quando aterrissou em sua prancheta a missão de fazer decolar o então modesto Curso Positivo. Inspiração não lhe faltou. Na mesa do lado, o cartunista Solda; na mesa em frente o escritor Walmor Marcelino. Na retaguarda João Carlos Benvenutti, o mentor de marketing do curso pré-vestibular que estava dando suas primeiras lições de sucesso. A marca era o grande detalhe da primeira grande campanha publicitária do Positivo. E o pequeno grande detalhe encomendado por Benvenutti era uma pequena pasta, com a marca estampada, para as mocinhas e mocinhos desfilarem pela cidade. O sucesso daquela pasta foi além da Rua das Flores. Meses depois, até as mocinhas e mocinhos de Ponta Grossa já andavam com o Positivo embaixo do braço.