Com humor, do poeta ao poeta

Faz um bom tempo, sugeri ao poeta, ator, cantor e compositor Luiz Felipe Leprevost que ele teria não só o espírito, como também peso e talento para interpretar no palco um musical baseado na vida e obra do poeta Emílio de Menezes.

Se ainda estivesse entre nós, o ator Mário Schoenberg seria outro nome na medida para reviver as histórias do “Rei da Boemia” do Rio de Janeiro, assim coroado na tradicional Confeitaria Colombo da então Capital Federal. A Escola de Samba “Não Agite”, em 1982, já realizou um desfile de Carnaval com o enredo “Emílio de Menezes na Boca Maldita”. Com muito orgulho e poucos recursos, fui autor da ideia e desenhei as alegorias, junto com o cenógrafo e figurinista Fernando Marés. 

Emílio Nunes Correia de Menezes, curitibano que aos 20 anos saiu do Largo da Matriz para fazer história no Rio de Janeiro, só não assumiu a Academia Brasileira de Letras de teimoso. Eleito em 1914 para a cadeira 20, na vaga de Salvador de Mendonça, Emílio não tomou posse por conta de sua teimosia em criticar o antecessor no discurso de posse. Conforme a versão oficial da ABL para o episódio, Emílio compôs um discurso de posse com trechos “aberrantes das praxes acadêmicas”. A Mesa não permitiu a leitura do discurso e o sujeitou a algumas emendas. Nosso poeta protelou o quanto pôde contra essas emendas e quando faleceu, quatro anos depois de ter sido eleito, ainda não havia tomado posse de sua cadeira.

Tendo como testemunha a professora Cassiana Lacerda, maior estudiosa da vida e obra de Emílio de Menezes, fica aqui o desafio a Luiz Felipe Leprevost: com humor e com afeto, do poeta ao poeta, um musical para Emílio Felipe de Menezes Leprevost.

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