Coisas da ilha que periga afundar

Como já foi tratado aqui, a falta de infraestrutura, esse mal que aflige o Brasil (água, luz e esgoto, para dizer o mínimo), está provocando a possibilidade de se restringir a invasão de turistas nas praias de Santa Catarina, com a cobrança de pedágios. Ou seja, o sagrado direito de ir e vir pode estar com seus dias contados.

Como o mais notável defensor de Florianópolis, o escritor Sérgio da Costa Ramos, com toda sua elegância, escreveu sobre o tema no Diário Catarinense. Diz um dos grandes cronistas brasileiros que o problema de hoje na Ilha da Magia é a bomba migratória. Milhões chegando, ninguém saindo: “É hora de levantarmos nossos ninhos de metralhadoras verbais e lançarmos ao debate esta pertinente questão: quantos forasteiros cabem na Ilha durante a temporada? Setecentos mil, um milhão? Precisamos saber, pois tudo o que sabemos hoje é que esse número não pode ser limitada”.

Em Florianópolis, constata Sérgio da Costa Ramos, duas “estatísticas” não param de crescer: o número de automóveis e o de edifícios: “Um dia, sem planejamento, a ilha afunda”.   

Aliás, com a catastrófica invasão dessa ilha que periga afundar, quem deve estar se revirando no túmulo é o saudoso Aldírio Simões, o responsável pelo termo “manezinho” ser adotado pelos próprios catarinas como uma expressão de carinho. Aldírio Simões certa feita contou ao jornalista Valério Fabris – de quem era amigo dos grandes – uma das melhores histórias do folclore ilhéu. Um “causo” pra se contar com expressões e sotaque manezês, especialidade do mais legítimo dos manezinhos. Segundo o mané Aldírio, certa vez o veterano médico lagunense J.J. Barreto recebeu em seu consultório a visita de uma paciente nova, precisando de uma consulta “nas partes”. Ao voltar um tempo depois e com “as partes” completamente depiladas, o médico perguntou, surpreso, porque fez aquilo, já que não solicitara. A moça respondeu, de pronto: “Não raspi nem depili. Foi de tanto codi!”.

Precisa tradução, este legítimo manezês?